Carina Lessa
Amuleto
Disseram-me: o hospital não tem poema.
Por que não amar Górgona no dia
Do retorno em seu guia, no teorema
De Atena, pele, voz, sabedoria?
O amuleto de cachos se transforma
Em bronze quente, leve, aventado.
Nenhum há mais no sempre menos fardo,
Pedra cativa, sabes, se deforma.
Pois que a morte chove o vento d’alma,
Mas resseca os encantos, teus insetos
De alumbramento. Faças da tua calma
Refúgios turbulentos, mas descanses…
Sofrimentos na vida pedem vetos,
Caminharam-me os homens, são os séculos.
(Imagem disponível em: https://pixabay.com/pt/photos/natureza-plantar-folha-flor-3248514/)