Altamir Lopes

Vivenda Adolescente

Parte 2 – Primeira metade dos anos 90. Ensino Médio, lá vamos nós!

 

Danizinho já não sabia mais como lidar com o ensino médio. A escola, em si, já era um troço um tanto fascinantemente enigmático para ele – mudou de escola pelo menos umas quatro vezes – e não freqüentou o jardim de infância. Foi alfabetizado pela mãe semi-analfabeta a luz de lampião. Sua referência de escola era meio diferente – um tanto de homeschooling, depois uma bolsa num dos mais importantes colégios da cidade, depois uma escola municipal sem carteiras suficientes mas com muito mato por todo lado, depois uma escola que enchia em época de chuva mas que dava merenda, uma outra que era referência de ordem e disciplina e cuja matrícula dependia de se ficar na fila de madrugada para se conquistar uma vaga e agora uma nova escola: Cheia de adolescentes com os hormônios e esperanças a mil por hora. Caraca, doideira!

Conheceu gente nova. Hábitos novos, Oportunidades e armadilhas novas. Meu Deus, como vou descobrir o que é uma e o que é outra?- Pensava ele. Na nova escola tinha um grupo de teatro amador. Ele já tinha participado de um grupo antes e ali, cheio de experiência, achava que iria arrebentar no palco. Laboratório de contabilidade, biblioteca, laboratório de ciências. Beleza. Tá certo que estavam todos meio ultrapassados, mas Danizinho gostava de explorar essas coisas. Não estava preparado mesmo era para explorar outras áreas…Garotas, por exemplo.

Dava até um frio na espinha do garoto só em pensar! Por onde ele olhava tinha gente namorando. Nos anos 90 o termo “Ficar” estava só começando, então, ou era uma pegação ou rolava namoro sério. E ele tremia só em pensar nas duas opções. Até porque não se sentia nada elegível. Quem iria dar bola pro orelhudo magricela?

Na escola, digo no ensino médio, só haviam basicamente três tipos de garoto: O popular, normalmente mais fisicamente ( ou financeiramente ) avantajado. Esse cara estava em todas, as meninas mais populares sempre estavam cercando ele  e tinham o mundo aos seus pés. Alguns sabiam tocar violão, pra completar. Não precisavam ir muito bem nas matérias, não. Era só ser boa pinta, ter um sorriso que as meninas gostassem e pronto. Tinha uns caras até maneiros, legais. Mas tinha uns que ficavam meio que valentões ou menosprezavam os outros. Danizinho não era um desses.

Outro tipo eram os CDFs. Assim eram chamados os Nerds nessa época. Geralmente meio feinhos, nem sempre tinham muitos amigos, exceto em época de provas ou trabalhos. Nas provas, todo mundo queria colar deles. Nos trabalhos, era o preferido para entrar no grupo e jogarem toda tarefa pra ele. Às vezes se davam bem com alguma garota, mas ela geralmente também era meio que ligada nos livros. Às vezes Daniel se sentia assim, meio que inteligente. Se saía bem nas matérias. Menos Educação Física.

Mas a maioria era meio que de uma classe que os garotos mais se encaixam: O cara comum que não é nem o mais inteligente da sala e está longe de ser bonito. Alguns eram solitários, ou tinham um ou dois amigos de igual estirpe. Mas na maioria das vezes andavam em grupos de três ou quatro. Uma forma de se proteger de uma outra classe que não falei ainda ( talvez porque Daniel tenha sido muito impactado por estes ): O valentão. Mas vamos falar deles depois.  Voltando aos garotos comuns, parece que o nosso amigo Daniel se encaixava aí, mas ao mesmo tempo, não se sentia assim. Longe de ser Bonitão, mas ele levava a sério o que o pai dele havia lhe falado no primeiro dia de aula, lá na primeira série: “Filho, não precisa ser o melhor, mas esteja entre os melhores”. Ele chegou ao ensino médio com essa determinação.  Respirou fundo e entrou em sala de aula. Já mirou nas meninas mais bonitas da sala e verificou se havia algum popular e um valentão. Toda sala tem esses tipos.

Seu radar foi interrompido com a entrada da professora de Biologia. E que fumava pra caramba.

Começara a épica aventura do nosso amigo no ensino médio.

 

…Continua.

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Altamir Lopes

- Graduado em Gestão de Negócios, MBA em Gestão de Recursos Humanos, Orientador Educacional e de Carreira, Licenciando em Pedagogia e Pós-graduando em Neuropsicopedagogia. - Desenhista, formado pelo SENAC RJ. - Terapeuta Integrativo, Formado em Reflexoterapia, Quiropraxia e outras técnicas holísticas. - Palestrante, Instrutor de cursos gerenciais e Técnicos. - Mas acima de tudo, um servo do Deus vivente Jeová, Pai, marido e ser humano reflexivo. Na coluna que leva o meu nome, vamos nos encontrar para refletir sobre a arte da gestão de pessoas e relacionamentos. Nos meus textos, pretendo levantar questões e reflexões sobre a sociedade humana e seus meandros paradoxais e especialmente, a relação que cada um tem consigo mesmo por meio de textos em verso, prosa, crônicas, contos etc. E também publicarei na coluna RH - Resultados Humanos, artigos que tratam dos Resultados da ação Humana na História. Entrevistas com pessoas que fizeram acontecer e reflexões profundas também farão parte dessa coluna. De vez em quando, em quaisquer dessas colunas, vou publicar uma charge ou caricatura autoral...Espero que gostem.

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