As vítimas esquecidas de um dos piores momentos da História humana

Quando aqui nessa coluna se fala de “Resultados Humanos” reporta-se à ideia do que o Homem conquistou, obteve ou recebeu ao longo da História por conta das suas atitudes, sejam elas boas ou más.

Nessa primeira reflexão, aproveito a institucionalização de uma data celebrativa estabelecida pela ONU, a Organização das Nações Unidas: O dia 27 de janeiro. Sim, nessa data, muitas pessoas ao redor do mundo irão celebrar o Dia Internacional da Memória do Holocausto. Essa data foi escolhida porque marca o aniversário da libertação de Auschwitz — o maior campo de concentração e extermínio nazista, ocorrido há 79 anos. A instituição desse dia visa educar e conscientizar o público sobre o Holocausto e homenagear oficialmente todas as vítimas do regime nazista.

Nesse grande mar de gente que povoa esse planeta e na subsequente crista da onda poluída desse sistema de coisas que vivemos somados à informação e desinformação atreladas aos vícios dos mais diversos, é possível encontrar os que duvidam sobre a historicidade do Holocausto. Nessas linhas, não venho trazer questionamentos ou alinhavar debates a respeito disso. Como já proposto por essa coluna, o foco aqui é entender os resultados das ações humanas – individuais e como grupo – e tentar absorver as lições remanescentes para nosso próprio autodesenvolvimento. Deixemos as vozes das vítimas ecoarem e, dessa forma, vamos aos fatos: Quem foram as vítimas dessa terrível e assombrosa página da História humana? Podemos aprender algo com tudo isso?

Segundo fontes confiáveis¹, entre as vítimas estão milhões de judeus, conforme é claramente divulgado. E, nesse ponto, o leitor, certamente sentirá, com toda razão, condolência com esse sofrido grupo, mas talvez não perceba outro aspecto histórico: É confirmado que outros grupos, como milhões de polacos, eslavos, ciganos, homossexuais e pessoas com deficiência também sofreram e foram mortos pelo regime nazista. Perseguidos por vários motivos, cada grupo sofreu na pele os resultados do ódio do seu semelhante humano. Mas, além desses, até mesmo um grupo religioso, que por tão unicamente sustentar suas crenças de neutralidade política e amor ao próximo por não participar das guerras, também foi duramente perseguido: as Testemunhas de Jeová.

Sobre essas últimas, O professor Detlef Garbe, ex-diretor do Memorial do Campo de Concentração de Neuengamme, disse: “As Testemunhas de Jeová, que foram submetidas à perseguição implacável no Terceiro Reich, estão entre as chamadas ‘vítimas esquecidas’ do regime nazista. Durante décadas, elas foram ignoradas […] apesar de um número considerável de Testemunhas de Jeová terem sofrido perseguição e morte. ” Consta que das cerca de 35 mil Testemunhas de Jeová na parte da Europa ocupada pelos nazistas, em torno de 13.400 foram perseguidas pelo regime e cerca de 1.600 morreram por causa da perseguição. Elas “foram o único grupo cristão sob o domínio do Terceiro Reich a ser identificado com um símbolo de prisioneiro separado: o triângulo roxo… Os nazistas ofereceram liberdade se elas renunciassem à sua fé cristã e apoiassem o regime “ – Diz Deoclecio Neri da Matta, porta-voz das Testemunhas de Jeová.

Falar sobre os grupos que por conta de sua “raça”, ideologia política ou convicções religiosas sofreram mortiferamente com o discurso de ódio que dominou os anos turbulentos de uma guerra mundial, poderia levar ao leitor a uma profundidade absolutamente bizarra e consternadora a respeito da atuação humana e o resultado de suas atitudes tão perversas. Mas já basta, por esse momento.

Caro leitor, nessa coluna, doravante, vamos falar de muitos assuntos positivos: Sim, Resultados Humanos edificantes e inspiradores ao que é bom, com exemplos de conquistas de pessoas que realmente fazem a diferença de forma positiva em suas áreas. Mas, não fechemos os olhos para a realidade: O poder da destrutividade humana é evidente além de altamente desconcertante e perigosa. Em matéria publicada no site da ONU em Fevereiro de 2023², o Secretário-geral da ONU António Guterres, “falou sobre como o respeito pela diversidade e a universalidade dos direitos culturais estão sob ataque, como evidenciado em parte pelo aumento do antissemitismo, fanatismo anti-islamismo, perseguição de cristãos, racismo e ideologia de supremacia branca. ”

Sim. Resultados humanos negativos estão andamento.

O que se aprende dessa breve reflexão? Lhes deixo com mais duas perguntas: Quais resultados humanos podemos esperar do ser humano que acredita estar em posição de superioridade, seja qual tipo for, e, por conta dessa crença, pratica e estimula o ódio, a desconfiança, a maldade, a dor e o assassinato contra seus pares de mesma espécie? Que derradeiro Resultado tudo isso terá?

Créditos das imagens:
Imagem 1: Imagem de Carl S por Pixabay , em https://pixabay.com/pt/photos/auschwitz-guerra-acampamento-ww2-3485116/
Imagem 2: Cortesia das Testemunhas de Jeová

¹Revista Despertai 8 de abril de 1989 –  https://wol.jw.org/pt/wol/d/r5/lp-t/101989243
²Site da ONU  –  https://news.un.org/pt/story/2023/02/1809322