Supressão
Escrevi esse poema em junho de 2017 e não poderia imaginar que ele se renovaria a cada ano. Toda vez que eu o releio tenho a impressão de tê-lo escrito hoje!
Um dia suprimiram palavras da Bíblia, mas por não termos acesso às palavras sagradas, elas se foram. De concílio a concílio, de Papa em Papa e assim restou o que acharam ser mais útil a doutrinação.
Um dia vários homens decidiram suprimir o ir e vir de seu semelhante e o escravizou. Sob ameaças muitos e muitos viveram sem conhecer a liberdade e em condições sub humanas foram humilhados até a morte.
Um dia, nações inventaram armas para com seus exércitos suprimirem as terras de outras nações. Muitos povos foram subjugados, massacrados e toda sua dignidade retirada.
Um dia, covardes travestidos de cidadãos de bem decidiram suprimir o direito das minorias e dos mais fragilizados. Assim o feminicídio, a homofobia, o racismo, a xenofobia e outras barbáries são cometidos sob o véu de uma hipocrisia justificável.
E de dias em dias nossos direitos vão sendo suprimidos. Retiram sem dó. Cada qual pensando somente em si. Sem pensar no coletivo; no irmão que ainda está por vir.
Um dia alguém tentará suprimir nosso direito de amar; e aí será tarde… pois nosso direito universal, nato e divino, será extirpado, e de dias em dias será esquecido.
E um dia não muito distante a palavra supressão não mais existirá, pois não haverá mais o que suprimir. E assim andaremos nesse chão como homens-bicho, sem saber para onde vamos ou de onde viemos.
Por Renatto D’Euthymio
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