Renato Amaral

Supressão

Imagem de Evgeni Tcherkasski por Pixabay

Escrevi esse poema em junho de 2017 e não poderia imaginar que ele se renovaria a cada ano. Toda vez que eu o releio tenho a impressão de tê-lo escrito hoje!

Um dia suprimiram palavras da Bíblia, mas por não termos acesso às palavras sagradas, elas se foram. De concílio a concílio, de Papa em Papa e assim restou o que acharam ser mais útil a doutrinação.

Um dia vários homens decidiram suprimir o ir e vir de seu semelhante e o escravizou. Sob ameaças muitos e muitos viveram sem conhecer a liberdade e em condições sub humanas foram humilhados até a morte.

Um dia, nações inventaram armas para com seus exércitos suprimirem as terras de outras nações. Muitos povos foram subjugados, massacrados e toda sua dignidade retirada.

Um dia, covardes travestidos de cidadãos de bem decidiram suprimir o direito das minorias e dos mais fragilizados. Assim o feminicídio, a homofobia, o racismo, a xenofobia e outras barbáries são cometidos sob o véu de uma hipocrisia justificável.

E de dias em dias nossos direitos vão sendo suprimidos. Retiram sem dó. Cada qual pensando somente em si. Sem pensar no coletivo; no irmão que ainda está por vir.

Um dia alguém tentará suprimir nosso direito de amar; e aí será tarde… pois nosso direito universal, nato e divino, será extirpado, e de dias em dias será esquecido.

E um dia não muito distante a palavra supressão não mais existirá, pois não haverá mais o que suprimir. E assim andaremos nesse chão como homens-bicho, sem saber para onde vamos ou de onde viemos.

Por Renatto D’Euthymio

E-mail:[email protected]

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Renatto D'Euthymio

Renatto D'Euthymio, carioca de Santa Tereza, dividindo residência entre São Gonçalo - RJ e a pacata e inspiradora, São José do Calçado no Estado do Espírito Santo. Estudante Rosacruz, técnico em Radiologia, flamenguista fanático e apaixonado pelas filhas Rannya e Rayanne. Cultiva desde criança uma paixão pelos livros e seus gênios. Autor do livro de poemas Solilóquio Antes e Depois da Forca (2020) e do livro de humor O Tabloide Jocoso (2021). Premiado em dezenas de concursos literários (Poesia, Crônica, Conto e Microconto), e publicado em Antologias e Coletâneas. É tão ligado à Literatura que de vez em quando não se contém e atreve-se a rabiscar algumas linhas.

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