Erick BernardesHISTÓRIAS DE ARARIBOIA

Chibante: uma localidade de Niterói

Série: Histórias de Arariboia

Passarinho Chibante

Se tem um lugar com nome diferente é mesmo a localidade chamada Chibante. Pois é, designativo de passarinho raro, região de Niterói atrativa por causa do bucolismo típico e a natureza preservada. Conhece os arredores? Nunca ouviu falar? Não importa, venha conosco ler sobre Chibante, uma região niteroiense.

Chibante recebeu esta designação devido à estrada homônima que recorta as cercanias. Isso aí, Estrada do Chibante, ali juntinho ao bairro Muriqui, ladeada pelo que se convencionou chamar de Vila Romana. Perguntei ao geólogo amigo se conhecia o tal território. Eis o que ele respondeu:

— Caro Erick, acho que batizaram o lugar por causa do sobrenome ou apelido de alguém. Não me parece que o espaço tenha oferecido homenagem ao tal passarinho. No dicionário, a palavra significa pomposo, soberbo, excessivamente elegante. Penso que bicho de penas não, equívoco, talvez. Tudo bem que por ali, ao redor de Muriqui, há estrada, sítio e até parte de uma antiga fazenda transformada em cervejaria artesanal com rótulo do referido pássaro ameaçado de extinção. Havia um vuco-vuco danado antigamente nas trilhas da localidade. Juscelino Kubitschek oficializou a mineiração. Um mar de gente vinda do interior do Brasil no intuito de ganhar a vida. Olho gordo no minério de malacacheta e feldspato não faltou. Tudo documentado, decreto. Existe ainda galeria por lá, possivelmente a mesma mina de extração da empresa do Spar. Nascentes aquíferas variadas. Mas a malacacheta usada na fabricação de resistência pra chuveiro e ferros de passar interessava muito mais, imagine! As águas límpidas continuam abundantes. Que bom, esqueceram o nobre líquido, daí se conservou. A agitação em Chibante e adjacências passou, graças a Deus. É isso. Lembrei, está no mapa niteroiense. Consiste geologicamente no alinhamento de Chibante contíguo ao do Spar. O mesmo lençol de minério.

Bem, depois da explicação, necessário reverenciar: o conhecimento do geólogo amigo ajudou e muito! Contudo, nada como um telefonema em época de coronavírus para elucidar um “cadinho” mais. Exato, vi no site, um agricultor de cogumelos comestíveis oferecendo seus produtos: “Alô… quer saber o quê? Ah, sim, verdade, as águas das nascentes de Chibante contêm iodo. Os cogumelos gostam do ar úmido, ambiente propício. Isso aí, até o Getúlio Vargas dava as caras por aqui. Águas medicinais. Claro que os figurões e políticos curtiam. O caminho é um bosque, quase chegando ao bairro Jacaré. Sim, lugar bonito o Chibante, poético —  e repleto das magníficas ‘figueiras-religiosas’ introduzidas ali pelo francês Auguste Glaziou lá para os idos do séc. XIX”.

Pronto, está aí o caso, caro leitor: o que veio primeiro, o passarinho ou o explorador das malacachetas? Ao pesquisador fica a dica, Chibante, naturalmente. Cervejaria, cogumelos, feldspato. Após a maldita epidemia (quem sabe?) aparecerei por lá.

Nota do autor: o link abaixo remete ao decreto de autorização emitido por Jucelino Kubitschek em favor do senhor Orlando Prioli, para que este explorasse as minas de feldspato e outros minerais na localidade do Chibante. Decreto datado de 14 de outubro de 1957. https://www.diariodasleis.com.br/legislacao/federal/92017-autoriza-o-cidaduo-brasileiro-orlando-laurito-prioli-a-pesquisar-feldspato-quartzo-e-associados-no-municupio-de-niterui-estado-do-rio-de-janeiro.html

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Erick Bernardes

A mesmice e a previsibilidade cotidiana estão na contramão do prazer de viver. Acredito que a rotina do homem moderno é a causadora do tédio. Por isso, sugiro que façamos algo novo sempre que pudermos: é bom surpreendermos alguém ou até presentearmos a nós mesmos com a atitude inesperada da leitura descompromissada. Importa (ao meu ver) sentirmos o gosto de “ser”; pormos uma pitadinha de sabor literário no tempero da nossa existência. Que tal uma poesia, um conto ou um romance? É esse o meu propósito, o saber por meio do sabor de que a literatura é capaz proporcionar. Como professor, escritor e palestrante tenho me dedicado a divulgar a cultura e a arte. Sou Mestre em Letras pela Faculdade de Formação de Professores da UERJ e componho para a Revista Entre Poetas e Poesias — e cujo objetivo é disseminar a arte pelo Brasil. Escrevo para o Jornal Daki: a notícia que interessa, sob a proposta de resgatar a memória da cidade sob a forma de crônicas literárias recheadas de aspectos poéticos. Além disso, tenho me dedicado com afinco a palestrar nas escolas e eventos culturais sobre o meu livro Panapaná: contos sombrios e o livro Cambada: crônicas de papa-goiabas, cujos textos buscam recontar o passado recente de forma quase fabular, valendo-me da ótica do entretenimento ficcional. Mergulhe no universo da leitura, leia as muitas histórias curiosas e divertidas escritas especialmente para você. Para quem queira entrar em contato comigo: [email protected] e site: https://escritorerick.weebly.com/ ou meu celular\whatsapp: 98571-9114.

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