Oswaldo Eurico Rodrigues

Brindemos

Os pares se procuram. Eu creio. Os pares se encontram. Eu confirmo! Desde de sempre, encontrar a pessoa certa para caminhar pela vida é garimpar gente. Conviver é lapidar almas.
E foi num sábado à tarde. Chegava à igreja e lá estava ela ao lado da sua amiga. Imediatamente meus olhos foram para os seus cachos que desciam ao pé do ouvido como eu imaginava Ariadne. Sua amiga, acredito eu, percebeu o olhar. Ela não! Entrei para o templo. Um fio me guiava, mas se enovelou. A Grécia fora conquistada! Parti para outras terras. Sonhei com o Japão. Os olhos de gueixa não me enxergaram. Na África, os tambores ofuscaram minha voz. Ainda não havia saído do labirinto. Não conseguia desembolar o novelo. Os corredores pareciam infinitos e longos.
Na trama da nossa história, um dia houve uma ruptura e encontramos a ponta do fio. Há ainda bom pedaço da lã mais pura com que tecemos nosso abrigo. Procuramos cultivar o linho finíssimo que nos cobre, às vezes amarrotado, mais sempre linho. Lavamos nossas túnicas no Sol. Mas ao clarão da lua é que elas ficam ainda mais bonitas. Brindamos com o melhor das uvas nesse encontro que poderia ser em Creta, mas é onde nós dois estivermos.

 

Ilustração de Oswaldo Eurico Rodrigues

 

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