VAI… E (NÃO) VEM
Três da madrugada: José pega no tranco
mistura a massa, estica, imprensa, bate…
assa o pão.
Quatro da manhã: Chico acorda
engole o café, escova os dentes, veste a roupa…
correndo.
Liga o motor, acelera, freia, para, recebe dinheiro, passa troco…
Ainda de madrugada:
Inúmeras Marias, Josés, Chicos, Fabrícios, Ronaldos… invadem ruas,
lojas, fábricas, farmácias, hospitais…
Maria dá aulas online…
José vende, atende, produz…
Chico dirige pelas ruas, levando e trazendo passageiros…
Fabrício vigia, guarda, protege…
Ronaldo consulta, receita remédio, cura, opera…
Uns servem, outros ensinam e tantos vão e vêm fazendo alguma coisa…
E neste vai e vem
a crise chegou:
Maria entrou em depressão
José continua
Chico foi despedido
Fabrício parou na bala perdida
Ronaldo nunca mais voltou da UPA…
E neste salve-se quem puder
Uns continuam…
com medo…
Outros não voltaram mais…
e tantos não têm mais aonde ir.