João Rodrigues

VAI… E (NÃO) VEM

Três da madrugada: José pega no tranco

mistura a massa, estica, imprensa, bate…

assa o pão.

 

Quatro da manhã: Chico acorda

engole o café, escova os dentes, veste a roupa…

correndo.

Liga o motor, acelera, freia, para, recebe dinheiro, passa troco…

 

Ainda de madrugada:

Inúmeras Marias, Josés, Chicos, Fabrícios, Ronaldos… invadem ruas,

lojas, fábricas, farmácias, hospitais…

 

Maria dá aulas online…

José vende, atende, produz…

Chico dirige pelas ruas, levando e trazendo passageiros…

Fabrício vigia, guarda, protege…

Ronaldo consulta, receita remédio, cura, opera…

Uns servem, outros ensinam e tantos vão e vêm fazendo alguma coisa…

 

E neste vai e vem

a crise chegou:

Maria entrou em depressão

José continua

Chico foi despedido

Fabrício parou na bala perdida

Ronaldo nunca mais voltou da UPA…

 

E neste salve-se quem puder

Uns continuam…

com medo…

Outros não voltaram mais…

e tantos não têm mais aonde ir.

 

 

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João Rodrigues

Nascido em Riacho das Flores, Reriutaba-Ceará, João Rodrigues é graduado em Letras e pós-graduado em Língua Portuguesa pela Universidade Estácio de Sá – RJ, professor, revisor, cordelista, poeta e membro da Academia Ipuense de Letras, Ciências e Artes e da Academia Virtual de Letras António Aleixo. Escreve cordéis sobre super-heróis para o Núcleo de Pesquisa em Quadrinhos (NuPeQ) na Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul.

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