DESEJOS DE NATAL
Há poucos dias passei por um antigo bairro e rememorei um passeio que sempre fazia na infância com minha mãe, nesta época do Natal. Lembro-me do quintal espaçoso e um pé de jambo que era decorado como a árvore natalina.
Não havia nenhum grau de parentesco, somente uma grande amizade entre as senhoras. A anfitriã era avó de uma garotinha que gostava de brincar comigo, pois nossa idade era equivalente. Embora eu fosse a mais alta, ela era um ano mais velha. Era confuso para mim, então com cinco anos, essa incrível diferença de tamanho. A menina era baixinha mesmo! Os familiares sempre faziam a mesma pergunta: “Minha lindinha, o que você vai ser quando crescer?” A pequena respondia séria: “Rica!” Todos riam…
Meus pensamentos ficaram irrequietos: Como pode se achar pobre se tem até um velocípede? Curiosamente, ela também sabia acerca de todos os presentes que iria ganhar do Papai Noel.
Minha mãe perdeu o contato com essa família que mudou para a Região Sul do país, no ano seguinte. Senti muita falta de ir à casa daquela família. Tudo encantava! Flores da cerca viva ao redor da casa que não tinha muros, o balanço de sisal preso sob a mangueira, o cheiro agradabilíssimo das verduras na horta, além das conversas muito engraçadas dessa minha amiguinha.
Foi coincidência reencontrar um antigo vizinho dessa família. Ele ainda mantém a amizade e contou-me que a pequenina não cresceu fisicamente, mas financeiramente está muito bem! Não se casou, tampouco tem filhos. Cria gado de corte e mantém um cargo político, há muitos anos, numa cidade do interior do Nordeste
Assim, meus pensamentos novamente divagaram: será que Papai Noel existe?!
Ivone Rosa