Hoje por muitos momentos pensei no que escrever..
As ideias fervilhavam, brotavam…
E com a mesma efemeridade se esvaíam…
Tenho muito orgulho do que sou,
Do que me tornei
E agradeço a cada tropeço
A cada lágrima (e foram muitas…)
A cada dor
A cada saudade
A cada ferida…
Sou retalhada de cicatrizes
Elas mostram minha inteireza de ser vivo
De alma dilacerada e costurada ao avesso
Que no inverso demonstra com clareza o que transcrevo
Delineando em cada parte de mim
Uma nova mulher…
Que se descreve
Em reconstrução diária
Onde cada tijolo remonta uma cicatriz
Sem jamais apaga-la
pois esta sou eu…
Inteira, retalhada, remoldada
Mas nunca pronta…
Aprendendo em cada dor
Onde a lágrima rega e encharca
O solo da mais bela rosa azul da minha essência…
(Versos de Princesa Prometida 2 – 2020 – Michelle Carvalho)
Quantas histórias temos pra contar?
Histórias nossas, de outras pessoas ou uma inteiração de vivências?
Sempre que contamos um fato nosso, ele vem carregado de partes das pessoas que dividem os momentos conosco porque tudo que vivemos é dividido com espaços, pessoas e lugares que fazem parte do todo que é nossa vivência.
Se pararmos para refletir não somos sozinhos em nós, somos partes de nossos amigos, de nossa família, de cada pessoa que passou por nós, sejam elas boas ou ruins.
Das pessoas boas guardamos os bons momentos e cativamos no coração e nas memórias as lembranças, as experiências, os ensinamentos e o amor.
Das pessoas ruins, que nos fizeram mal ou que nos magoaram, também guardamos na memória as experiências ruins, os momentos de dor e a transfiguração em ensinamentos e crescimento, posto que, como crianças, aprendemos que não podemos mais colocar o dedo na tomada após o choque. Não quer dizer que jamais teremos contato com as pessoas ruins, mas aprendemos com o decorrer das insalubres experiências.
Somos feitos de retalhos, pedaços de cada pessoa que passa pela nossa vida e isso é muito bom!
Retalhos de pessoas que até mesmo não viveram conosco porque temos em nosso DNA, em nosso sangue e em nosso corpo características de nossos ancestrais porque somos parte deles, somos sua continuidade.
Quantas vezes ouvi que eu “herdei” a semelhança em meus dedos com uma tia que somente me recordo por fotografia, a gargalhada, o jeito de olhar ou de pensar de outro parente que sequer conheci… E nestes atos reconhecemos e nos encontramos como pessoa em família.
Tantas pessoas passaram pelas nossas vidas…
Umas vieram para ficar, outras desejávamos que ficassem ainda mais e outras ficaram o tempo suficiente para nos fazer entender que a vida é diferente do que imaginávamos, mas sentimos que cada uma delas deixaram parte em nós.
A letra da professora que nos ensinou a escrever que muito se parece com a sua, frases, palavras, pensamentos, atitudes, jeito de vestir, um perfume… e assim vamos nos moldando com partes que nos deixam marcas.
Quais pessoas passaram por você que lhe deixaram marcas positivas?
Quais saudades fecundaram?
Todas as relações e pessoas têm defeitos e qualidades. Quais destas pessoas lhe deram uma relação que lhe fez crescer? Que lhe trouxe a liberdade de crer que és como és agora?
Isso lhe faz bem ou lhe incomoda?
Como se sente com os retalhos que vem trazendo das pessoas que passam por você?
Pense bem no moldar e no costurar destas partes para que seu avesso seja belo e não uma colcha cheia de emaranhados embolados que não lhe permitem continuar o bordado da vida!
Michelle Carvalho
e-mail: michellecarvalhoadvogada@yahoo.com.br
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Imagem destacada: https://pixabay.com/pt/photos/m%c3%a1quina-de-escrever-3583552/