Desabafos & DiscussõesLuiza Moura

Amizade é amor

Esse ano li um texto bem relevante sobre conexões. A gente é ensinado o tempo todo a se focar em apenas um vínculo romântico e ao perder esse laço por diversos motivos. Você acaba ficando sem nenhum. Às vezes esquecemos da importância de ter muitos “nós” como nosso porto seguro. E a amizade é algo que devia ser mais valorizado como o nobre amor, falado desde a antiguidade pelos filósofos gregos. Falam que sexo pode ser sem amor. Mas quando é amor sem sexo chamam de amizade. Como se não pudéssemos também ter um grande afeto ou paixão ou romance ou morar junto ou viver um para o outro a vida toda como qualquer “casal” normal.

Durante toda minha vida me dediquei mais as amizades afetuosas e mesmo distantes no momento são as que se mantém ainda forte pra qualquer momento. Nunca fiz distinção se era homem ou mulher bi ou hetero ou pan ou les ou trans ou ace. Me entreguei a todos de paixão. E alguns amigos são meus mais longos casamentos e namorados. Amor é estar junto, é cuidado, é na ato. Os últimos anos tem sido difíceis e as pessoas parecem um pouco desacreditadas de confiar em alguém. O mundo das redes sociais e seus dilemas culturais e políticos fechando cada vez mais as bolhas. Eu sigo acreditando nisso como nossa maior força de apoio mútuo. Uma hora a gente segura o outro, na outra hora o outro nos segura.

Na Argentina eles comentam o dia do amigo como se fosse um dia dos namorados. Em bares e cafés presenteando a todos da sua rede de afeto. Colocam a “alta frequência afetiva” apenas nos formatos monogâmicos, e o resto das pessoas reduzidas a baixa frequência afetiva. O amor da sua vida e felizes para sempre são aqueles amigos que sempre estão com você. Hoje tenho ficado contente por ver séries e filmes focados mais na amizade que no romântico sexual. Como a sex education, Riverdale, Sherlock, Malévola, Monsieur & madame Adelman. Felicidade é compartilhar, define o personagem no filme “Na natureza selvagem”. Luto pela amizade como uma forma de poder para mudar a dominação e controle sobre o corpo do outro e um respeito maior a nossos afetos. Quem sabe um dia o estado “permita dividir um financiamento de apartamento com amigo como casal ou dividir cidadania no país estrangeiro”, como vejo às vezes amiga obrigada a se casar pra se manter lá no país.

Uma amiga querida, Taline, dos grupos poliamor e assexuais tem um trabalho de coparentalidade. Brasileiros que buscam parceiros para ter filhos sem relação amorosa. “Na história da sociedade humana, sempre existiram pessoas que cuidavam de crianças por vínculos de afeto, mesmo sem ter essa relação de casal”. Ela sonhava desde jovem ser mãe independente, pesquisou sobre e criou um grupo sobre o assunto. “Essa prática é muito rejeitada porque dizem que representa o fim da família tradicional. Por isso, muitos preferem fazer escondido, para não ter esse tipo de julgamento da sociedade”, diz Taline.

Para terminar, dentro da Assexualidade existe o crush de amizade. Squish ou “minha abobrinha” dentro da comunidade arromântica. “Seguindo a mesma lógica do crush, o squish é aquela pessoa com quem você gostaria muito de desenvolver uma amizade, sem atração sexual e romântica. Há fases na vida quando a gente se depara com pessoas incríveis que, mesmo à distância, despertam-nos um sentimento agradável e uma vontade de criar um laço de amizade. Essas pessoas são nossos squishes.” – Quem é o seu squish?

(Esse texto é de Wagner Pyter, que estudei artes na universidade federal da Bahia. Cinema, fotografia. Trabalhou com tecnologia, embora goste de cultura. Ativista de direitos urbanos e cultural digital. Gosta de caminhar, meditar, além de escrever poesia, e ler literatura. Também gosta de filosofia. Nasceu no Rio de Janeiro, gostava de morar em Minas Gerais mas mora na Bahia- “uma mistura de paraíso e inferno.”
Criado por Wagner Pyter, a página “Demissexual não é ser exigente” buscava comunicar umas visões da sexualidade em sua perspectiva assexual. Sem pretensões, a página cresceu no período da pandemia. De mil passou para 45 mil seguidores e tem crescido agora também o grupo no Facebook e página do Instagram. O objetivo é criar uma comunidade e encontros online que ajude na visibilidade e também criar encontros presenciais quando for possível. 2020 foi um ano de destaque graças a presença do Victor Hugo no Big Brother Brasil e, tem sido muito gratificante ver tantas pessoas se sentindo bem consigo mesma. Quem quiser colaborar, manda um email: [email protected] ou Instagram @naoeserexigente)

Participe também dessa coluna! Envie o seu texto (de desabafo ou reflexão) para o email [email protected] ou entre em contato pelo instagram @luiza.moura.ef. A sua voz precisa ser ouvida! Juntos temos mais força! Um grande abraço e sintam-se desde já acolhidos!
Luiza Moura.

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Luiza Moura

Luiza Moura de Souza Azevedo é de Feira de Santana. Enfermeira. Psicanalista e Hipnoterapeuta. Perita Judicial. Mestre em Psicologia e Intervenções em Saúde. Doutora Honoris Causa em Educação. PhD em Saúde Mental - Honoris Causa - IIBMRT - UDSLA (USA); Doutora Honoris Causa em Literatura pelo Centro Sarmathiano de Altos Estudos Filosóficos e Históricos. Possui MBA em gestão de Pessoas e Liderança. Sexóloga; Especialista em Terapia de Casal: Abordagem Psicanalítica. Especialista em Saúde Pública. Especialista em Enfermagem do Trabalho. Especialista em Perícias Forenses. Especialista em Enfermagem Forense. Compositora e Produtora Fonográfica. Com cursos de Francês e Inglês avançados e Espanhol intermediário. Imortal da Academia de Letras do Brasil/Suíça. Acadêmica do Núcleo de Letras e Artes de Buenos Aires. Membro da Luminescence- Academia Francesa de Artes, letras e Cultura. Membro da Literarte- Associação Internacional de Escritores e Artistas. Publicou os livros: “A pequena Flor-de-Lis, o Beija-flor e o imenso amarElo” e "A Arte de Amar. Instagram: @luiza.moura.ef

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