Marcos Pereira

Educação e Instrução: você sabe a diferença?

Na atualidade é comum vermos nas manchetes estampadas nas mídias as agressões dos alunos aos professores dentro de sala de aula.

Aí nos perguntamos: onde vamos parar?

Hoje os pais acreditam que a escola é a grande responsável pela decadência do ensino e consequentemente pela baixa educação dos jovens, mas eles esquecem que a educação faz parte do alicerce familiar e que a instrução científica é de responsabilidade da escola.

Assim, os professores, na sua grande maioria, são as verdadeiras vítimas da ausência de uma política educacional, bem como da total falta de entendimento por parte dos pais do acerca do dever que possuem – afinal, eles pedem para que a escola supra todas as necessidades integrais do aluno.

 A recuperação da imagem do professor perante a população é um dos fatores fundamentais na tentativa de se realizar uma prática transformadora, sendo esta apenas uma iniciativa de contribuir na constatação de que este mal-estar é só aponta do iceberg.

Na realidade, os professores se interrogam sobre qual é o seu papel nesta escola. Perderam seu público disponível a aprender, pois muitos alunos não gostam de estar na escola porque fora dela têm acesso às mesmas fontes de informação que o professor se propõe a ensinar.

Estes fatos evidenciam a compreensão mais ampla e mais profunda destas situações, pois tudo isso é decorrente de explicações com base no senso comum, além de algumas condições do contexto histórico e socioeconômico que enquadram estes problemas.

No atual panorama, o professor é atravessado por enormes modificações econômicas, sociais e políticas, onde o processo de internalização é administrado pela direção econômica neoliberal, deixando claro que a escola é necessária para manutenção da classe dominante.

Em cima deste conceito, a escola se faz necessária para a instauração da disciplina, pacificação e harmonia social, pois dentro desta lógica a escola funciona apenas para os mais ricos. Já a outra parcela da população, ou seja, as classes menos privilegiadas, ficam subjugadas às dificuldades encontradas, tais como: educação deficiente, interesses políticos e interesses comerciais pelos estabelecimentos privados da educação.

É fácil perceber que o mal-estar na escola é uma realidade que tende a aumentar cada vez mais se mantivermos ou até acentuarmos este grande abismo existente entre interesses e saberes dos alunos e os seus questionamentos quanto ao que o professor e a instituição escolar oferecem e exigem.

É fundamental que seja desenvolvido na escola um projeto Político-Pedagógico, informando à sociedade a verdadeira colaboração da escola na formação do cidadão, evidenciando a integração entre escola, pais e estado.

Apesar de todas as dificuldades, a população mais pobre ainda vê na escola uma forma de ascensão e centro assistencial entre outras opções. Por este motivo, a qualidade do ensino é algo que deve ser muito discutido, evidenciando o caos da educação, onde a nossa realidade hoje demonstra que houve uma expansão quantitativa, apesar de desacompanhada da qualitativa.

Assim, é fundamental que busquemos na escola um projeto de sentido social, transmitindo o conhecimento através da construção de conceitos que possibilitem a leitura crítica na absorção da liberdade e autonomia mental do cidadão, deixando claro que o papel da escola é fornecer a instrução intelectual e não a educação que é de responsabilidade do ceio familiar.

Marcos Pereira

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