Altamir Lopes

Liberdade Religiosa: Quando se Regulamenta a Fé

Por Altamir Lopes

Foto 1 – Liberdade Religiosa envolve mais do que simplesmente ir a um templo

Dia da Criança. Dia do Avô. Dia do Trabalho. Dia das Mães, Pais, Escritor, Comercio, Bíblia… enfim, datas comemorativas são instituídas para lembrar eventos importantes ou criar marcos sinalizadores sobre a importância de uma pessoa, evento ou conceito. E numa rápida navegada no mar da web, aportamos facilmente em várias datas que, quais mirantes, direcionam a atenção a um tema de relevância crucial para a convivência social: A Liberdade Religiosa.

Por essas modestas linhas, a intenção não é se aprofundar tanto a respeito de cada um desses artifícios comemorativos de celebração instituídos pelos governos, entidades ou instituições, uma vez que a motivação, as circunstâncias e o contexto social ou político sobre os quais tais datas foram estabelecidas precisariam ser analisadas de forma justa, imparcial e profunda, dada a importância do tema. Mas vou me concentrar na celebração relacionada ao título dessa matéria: O Dia Internacional da Liberdade Religiosa, que foi celebrado no último dia 27 de outubro. Data instituída nos EUA, segundo o site da embaixada e consulado dos EUA no Brasil¹, onde “promulgaram a Lei sobre Liberdade Religiosa Internacional de 1998, reafirmando nosso (dos EUA) compromisso de promover e defender o direito fundamental à liberdade religiosa para todas as pessoas em todos os lugares”.

A evidência da capacidade humana em poder decidir sobre os caminhos diversos durante sua própria vida é alimentada por sua ânsia em praticar adoração – ou não – dentro dos padrões ou parâmetros culturais, filosóficos ou metafísicos dentro dos quais cada ser humano está imerso ou tem acesso/conhecimento.  Sim, em outras palavras, queremos ter a liberdade de escolher a quem prestaremos adoração, se isso for o desejo instaurado.

Essa é a tônica da Liberdade Religiosa. Sem imposições, restrições ou importunações.

Na contramão dessa assertiva, será que existem países cujo governo ou a sociedade em geral ainda cerceiem a liberdade religiosa do seu próprio povo? Sim!

Na Eritreia², por exemplo, o governo já prendeu, encarcerou e maltratou membros do grupo religioso das Testemunhas de Jeová, sem julgamento ou acusações formais, incluindo mulheres e idosos. Elas estão sujeitas a duras condições de prisão e algumas até morreram devido ao tratamento desumano. Outros casos continuam em andamento. Na Rússia³, país onde os membros desse grupo tiveram suas publicações consideradas como “extremistas”, seu site oficial, jw.org, foi banido, suas propriedades religiosas confiscadas e muitos fiéis acabaram sendo presos apenas por praticar a sua fé. Inclusive, no Brasil¹¹, elas também já enfrentaram anos de oposição para conseguir o reconhecimento jurídico. Em 1947, foi registrada a Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados (agora chamada Associação Torre de Vigia de Bíblias e Tratados). Três anos depois, o então presidente do Brasil foi pressionado a assinar um decreto para suspender as atividades dela. O caso foi levado aos tribunais e perdurou até 1957, quando um novo presidente decidiu a favor do grupo.

Foto 2: Testemunhas de Jeová utilizando sua Liberdade para falar com outros sobre sua fé. Liberdade para falar e liberdade para ouvir.

Com esses breves – mas contundentes – dados por conta desse tipo de perseguição e considerando que o exercício da fé precisa ser praticado de forma que se apresente lícito aos homens com a necessidade de regulamentação jurídica, o que impede um desafeto de questionar, coibir e atacar a fé alheia? Que se dê a Deus o que é de Deus… e aos homens o que é dos homens, não é verdade?

Um detalhe digno de nota é que, apesar desse artigo utilizar o exemplo das Testemunhas de Jeová em relação a sua luta pela liberdade na adoração, os efeitos da perseguição contra elas, na verdade, reverberam sobre quaisquer pessoas que entendem ser um direito fundamental a tal da Liberdade de adoração. Sim, em conclusão, que datas como a de hoje sirvam, sobretudo, para que se entender o óbvio: se uma pessoa é prejudicada de qualquer forma por conta da intolerância ou perseguição religiosa, (que é o oposto da Liberdade Religiosa), é somente lógico que qualquer pessoa de bem – religiosa ou não – também se sinta atacada.

Enfim, é sabido que o Sol nasce para todos, tanto para os que acreditam num Ser que Criou esse luzeiro, ou não. Sim, o Sol nasce para todos, mas quem terá o direito, ou o dever de repousar sob as projetadas sombras das asas de quem realmente tem Poder?

 

Referências:

¹ https://br.usembassy.gov/pt/dia-internacional-da-liberdade-religiosa/

²  https://www.jw.org/pt/noticias/por-regiao/eritreia/testemunhas-de-jeova-na-prisao/ ;

³ https://www.jw.org/pt/noticias/por-regiao/russia/

¹¹ https://www.jw.org/pt/noticias/por-regiao/brasil/Reconhecimento-jur%C3%ADdico-no-Brasil-completa-75-anos/

 

Foto 1 (Menino em oração, com blusa azul)
fonte: https://pixabay.com/get/g4718c75688ce7c7d2bff56e55c877a31c426d19b1781cc476a1f1c79c9931918d279c729bca79b4409f7a8b8942bf327_640.jpg ( Por pixabay)

Foto 2 (Cristãos realizando pregação)
Fonte: Cortesia das Testemunhas de Jeová

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Altamir Lopes

- Graduado em Gestão de Negócios, MBA em Gestão de Recursos Humanos, Orientador Educacional e de Carreira, Licenciando em Pedagogia e Pós-graduando em Neuropsicopedagogia. - Desenhista, formado pelo SENAC RJ. - Terapeuta Integrativo, Formado em Reflexoterapia, Quiropraxia e outras técnicas holísticas. - Palestrante, Instrutor de cursos gerenciais e Técnicos. - Mas acima de tudo, um servo do Deus vivente Jeová, Pai, marido e ser humano reflexivo. Na coluna que leva o meu nome, vamos nos encontrar para refletir sobre a arte da gestão de pessoas e relacionamentos. Nos meus textos, pretendo levantar questões e reflexões sobre a sociedade humana e seus meandros paradoxais e especialmente, a relação que cada um tem consigo mesmo por meio de textos em verso, prosa, crônicas, contos etc. E também publicarei na coluna RH - Resultados Humanos, artigos que tratam dos Resultados da ação Humana na História. Entrevistas com pessoas que fizeram acontecer e reflexões profundas também farão parte dessa coluna. De vez em quando, em quaisquer dessas colunas, vou publicar uma charge ou caricatura autoral...Espero que gostem.

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