Michelle Carvalho
Tendência

Artesã do amor

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Expressando por palavras

Sentimentos de dor em demasia

Senti-me poeta…

 

Transmudando a dor em artesanato de palavras

Alinhavando lágrimas e superando o desafio de acordar a cada manhã…

 

Até que o dia sorriu

As manhãs tornaram-se brancas

Na claridade alva da vida

Em um renascer amanhecido

Fez-me enxergar

Um belo bordado

No outro lado do emaranhado das costuras costumeiras da dor…

 

Um belo serviço de artesã do amor!

 (Versos de Princesa Prometida 2 – 2020 – Michelle Carvalho)

 

        O que sentimos vem do toque, da essência, do carinho, da arte do passo a passo… Disso tudo brota nossa sensibilidade!

        Em uma sensação gradativa, que permeia obstáculos, etapas e se estabelece.

       Sabemos que as máquinas fazem tudo mais rápido, trazendo a prática do “tempo é dinheiro”.

       É lógico que muitas coisas deveriam ser feitas com maior praticidade e até mesmo por máquinas para que tivéssemos muito mais tempo para realizarmos as tarefas que temos prazer de cumprir demoradamente, como afagar e cultivar amigos, família e amor.

       Entretanto toda essa literal mecânica acabou gerando muito mais tarefas e suprindo esses horários que deveriam estar livres com muito mais tarefas porque existe a “glorificação do ocupado”, onde se você tem tempo para descansar, não está produzindo, logo não é bom o suficiente!

        Deixamos de lado o que é artesanal porque é demorado, mas o que toma mais tempo e dedicação não deveriam ser mais caro? Se tempo é dinheiro, quanto mais tempo gasto na feitura de algo, mais cara essa coisa deveria de custar, não é?

        Todavia não é bem assim que ocorre na prática. O que leva a dedicação e o tempo humano está cada vez mais barato, a mão de obra humana é cada vez mais barata. Infelizmente não se dá valor ao desgaste humano, mas são pagos valores imensuráveis por uma peça de uma engrenagem de uma máquina!

        As pessoas estão mais baratas, o que nunca poderia acontecer, porque o mais importante é o que se é: a essência, o SER! Mas na verdade essa “engenhoca” é vendida por ínfimo valor, a não ser que esse SER TENHA um nome famoso, o que nos leva ao TER substituindo o SER.

        As máquinas jamais substituirão o que é feito artesanalmente porque junto com esse trabalho vem parte de cada pessoa, o que uma máquina nunca vai dar.

        Em uma sociedade em que o bem estar humano e sentimentos são postos em quinto plano, temos como causa a desumana produção.

        Embora em alguns lugares e em grandes empresas já descobriram que funcionários felizes e com bem estar produzem mais e melhor, a grande maioria das empresas e patrões com mentalidades antiquadas ainda pensam que escravizar o tempo para produzir é a melhor opção, infelizmente.

         De que adiantam leis que garantam direitos se as mentalidades estão imbuídas em escravidão, trabalho infeliz, sem perspectiva e com o medo de que se fraquejar perderá o pouco que possui para viver?

        Quantos de nós estamos escravos da produção, do labor, da engenhoca de nunca parar e muitas vezes nos pensamos desmerecedores de descanso e bem estar porque isso é para fracos. Pensamos que sempre aguentaremos mais e mais senão seremos “molengas” para enfrentar o mundo?

        Idealizamos que os fortes conseguem tudo sem descanso, sem dormir, sem comer e com abandono de tudo que é bom na vida, como se isso fosse uma grande virtude, mas será que é mesmo?

         Sempre escutei a frase: “enquanto descansamos, carregamos pedra!” como um movimento intenso de que nunca podemos parar ou descansar, posto que temos que produzir sem parar com o intuito de não sermos engolidos pelo mundo ou para mostrar para o mundo que somos “máquinas”. Não obstante até estas tem que descansar para não deteriorar as peças com menos tempo que o adequado ou não superaquecer. O que não se pensa em relação aos seres humanos… Triste realidade!

         Em tempos de quarentena em que o home office é essencial e possível para muitas carreiras, escutamos de governantes e patrões que “estão pagando para os funcionários ficarem em casa”, como se estivessem desperdiçando dinheiro para as pessoas ficarem “à toa”, o que não é a realidade, visto que as estatísticas provam maior produção no trabalho quando a pessoa está mais feliz e satisfeita em um ambiente melhor…

         Aí retornamos a ideia de que quando nos sentimos bem tudo flui melhor, com mais amor e satisfação… Porém, muitas mentes inférteis que possuem o poder ou a arrogância arraigada em si não estão preparadas para isso…

Michelle Carvalho

e-mail: michellecarvalhoadvogada@yahoo.com.br

Instagram: @michelle_carvalho_escritora

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Youtube: Michelle Carvalho Escritora

 

Fonte:

Imagem destacada: https://pixabay.com/pt/photos/madeira-arte-em-madeira-cora%c3%a7%c3%a3o-3333863/

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Michelle Carvalho

Biografia: Advogada, Escritora desde os 13 anos, com participação em inúmeras antologias literárias e premiações no Rio de Janeiro e em São Paulo. Ganhadora do Premio Baixada de Literatura em 2014. Lançou 4 livros: “Furor Letárgico da Alma” (2009), “Versos de Princesa Prometida” (2015 – na 17ª Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro) e “Cindy Entre Patas e Reinos” (2018) e Cindy Entre Patas e Reinos 2 (2019 – 19ª Bienal Internacional do do Livro do Rio de Janeiro) , estes dois últimos projetos de leitura na Cidade das Artes/RJ, em várias escolas nacionais e internacionais. Além de diversas participações em projetos culturais literários em escolas com palestras motivacionais, intervenções literárias e poéticas em saraus, sendo o último deles o Programão Carioca da Rede Globo no ano de 2018, Participação na FLIM e FLISGO no ano de 2019, bem como posse na ACLAM – Academia de Ciências, Letras e Artes de Magé.

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