Luis Amorim

O altar

Pela igreja defronte finalmente crente me senti. A Madre bem me tinha dito na linguagem que ela tão bem sabia que, independentemente do colégio e local de culto que me acolhia, os quais ambos de estudo tinham sido pormenorizados na minha pretérita geração mais ela no ensinamento, com a bênção dela iria eu, assim esperava e desejava, transpor outro nível de vida. Mesmo que em ruínas minha vital essência se apresentasse, haveria sempre fachada de mim espelhada que pudesse escadaria subir. Comecei a vencer degraus pela frente, à religiosa medida que o granito por baixo do meu calçado de crente ia recordando na minha concentrada mente os vestígios que ainda sobreviviam como se algum incêndio tivesse o restante apagado da minha memória. Algo tinha, de facto, para trás ficado e, recuperava então para o presente de ocasião, a beleza do que mais importava como se do meu passado feito monumento, realçado devesse ser o arquitectónico e histórico ao património meu, o qual teria de bem valorizar. Sessenta e oito degraus para vencer rumo a algo de maravilha, assim de espera minha pessoa estaria, pois tinha havido reconstrução no durante, com Madre esclarecida que me contagiara e, tal e qual, eu sentia no meu ser, subindo a escadaria rumo à bela e grandiosa igreja, no que respeitava à sua entrada. Outrora, estava ela ricamente decorada e mobilada e, dessa forma, percebia o que vida própria tinha sido, quase digna de ser apelidada de estar num Vaticano a meu prazer bel. Até latim eu aprendera quando, nem inscrição estranhei, claramente entendida à esquerda da base da fachada com de reconstrução data. Li e reli e recordei como Madre tinha-me avisado que teria sido milagre, fachada e escadaria terem à destruição escapado. Nem tudo foi similar no apagado comigo pelo que só esse conjunto que subia e contemplava, me restavam igualmente, tal como a igreja que nunca mais fora reconstruída a exemplo do eu, que me encontrava ali com de Madre bênção. A grandiosa e elegante de granito fachada, trabalhada foi durante anos que pareceram sem fim e, também eu, tive parecença de vida que na reconstrução demorada nunca mais terminava. Aquela, pela minha perspectiva esclarecida, tinha vinte e três metros de largura por vinte e cinco e meio adicional de altura enquanto na minha vida nunca medi o que restou. Foi pensada no clássico da divina ascensão, o conceito e, por isso mesmo, dividida em cinco horizontais níveis encimados por um triangular frontão. Sentia-me pois mais do que preparado na subida ascensional, da espiritual e divinal caminhada, subindo em crente rumo ao Paraíso, pois houvera resistido a múltiplas tentações. Vida que tinha sido então, lá tinha ficado no passado conquanto o presente era o caminho do futuro, onde a santificada só se reconhecia na companhia de trindade. Minha fachada continha muito valor, a saber: bíblicas imagens, mitológicas representações, símbolos paradisíacos, religiosas inscrições e imagens santificadas. Não faltavam outras, de certos demónios, mas percebi claramente percebido que assim teria de ser, ou não tivesse a Madre me alertado para tal pormenor no acrescento de todos os restantes para ficar completo, tal e qual houvesse por mim influências à mundial escala de todos os cantos do globo. Recebia como que um sermão de vida com a doutrina que mais de correcta importância eu teria de saber, com os ensinamentos de maior valor. Salvo das ruínas me espelhava perante igreja e no altar, já no então, da altura me encontrava lembrando o papel especial da salvação que a Madre me transmitira como ensinamento de vida.

Fonte da imagem: Foto do Autor

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Luís Amorim

Luís Amorim, natural de Oeiras, Portugal, escreve poesia e prosa desde 2005. Tem já escritas cerca de 2800 histórias com 105 livros de ficção publicados, entre os quais, um primeiro em inglês, "Cinema I", onde responde por 28 heterónimos (em prosa e poesia). Dos livros em prosa, tem vinte e oito da série “Contos”, “Terra Ausente”, “A Chegada do Papa” e dois livros de “Pensamentos”. Na poesia, igualmente diversas séries de livros têm alguns volumes, como “Mulheres”, “Tele-visões”, “Almas”, “Sombras”, “Sonhos”, “Fantasias”, “Senhoras” e o herói juvenil “Esquilo-branco”. Todos estas obras de poesia citadas, integram os designados contos poéticos, assim identificados pelo autor, aos quais se acrescentam “Lendas”, “Campeões”, “Músicas”, “Turismo”, “Palavras”, "Flores", “27 Flores”, “Todas as Flores” e mais outros sete do universo “Flores”, onde este elemento surge em todos os enredos, como por exemplo “A ceia do bispo e outros contos poéticos”. A escrita também foi posta em narrativas poéticas, “Beatriz” (inspirada na personagem de "A Divina Comédia" de Dante Alighieri), “Paz”, “O Viajante”, “O Sino”, “A Sereia” e “O Mapa”, este com 3016 versos. Ainda a registar em poesia, “Refrões”, “Sonetos”, “Trovas” e quatro volumes de “Canções”. Dois livros foram publicados segunda vez, então com ilustrações de Paulo Pinto (“Almas”) e Liliana Maia (“Fantasias”). Luís Amorim foi seleccionado por 311 vezes com contos e poemas seus em concursos literários para antologias em livros, revistas e jornais em Portugal, Brasil, Suíça, Colômbia, EUA, Inglaterra e Bangladesh. É colunista da revista “Entre Poetas & Poesias” a partir de 2022 e integrante desde 2021 do Coletivo “Maldohorror”, onde histórias suas são publicadas em ambos os sítios, com regularidade. Tem igualmente publicados 32 livros de Desporto (Automobilismo, Hipismo, Futebol, Vela, Motociclismo) e 4 de Fotografia, o que somando aos 105 de ficção, perfaz um total de 141 livros publicados.

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