Foto tirada do meu celular
Vivia eu, um sonho intenso e ao mesmo tempo inconstante, sem previsão de acontecer, sem data, sem nada. Na realidade, data todos os anos tinham, quando não acontecia em fevereiro, era em março que os dias de folia esquentavam e mudavam todo o meu ser, incompleto, porque alguma coisa faltava e estava nítido dentro do meu olhar.
Todos os anos caia na folia, “Baile do Azul e Branco”, minha “Portela Querida” e as cinco noites de carnaval.
Por motivos de estudo e trabalho as coisas foram mudando e eu deixando o meu sonho para trás, talvez guardado na gaveta do meu coração, só desilusão. O tempo passou e eu me afastei do meu sonho, mas ainda ia para um bloco que saia todo ano no domingo de carnaval, no bairro onde morava.
Depois de passados alguns anos com meu filho crescido e formado, recebi um convite e fiquei imensamente feliz. Pela primeira vez eu ia assistir e brincar o carnaval com o Cordão do Bola Preta. Foi muito bom, exceto um fato ocorrido que me deixou muito triste, roubaram o celular da minha amiga e o nosso carnaval terminou ali. Muito angustiante.
Eu sempre dizia que quando estivesse desligada do trabalho eu realizaria esse sonho.
Inacreditável, mas foi assim que aconteceu, ou será que não?
Fui convidada novamente por duas queridas amigas para assistir o desfile das campeãs, eu não conseguia acreditar que veria a Portela, minha escola querida entrar na avenida. Era maravilhoso, não tinha palavras para agradecer a elas o convite.
Chegou o dia tão esperado, e lá fomos nós. Meus olhos brilhavam de tanta alegria e quando a Portela entrou na avenida meu coração bateu tão forte, que parecia escutar o barulho que ele fazia foi um desfile maravilhoso, um dia para nunca mais ser esquecido.
Eu desfilando em uma das alas com os pés no chão homenageando a minha Portela, a escola do meu coração, cantava alto com o coração e o samba irradiava alegria, nunca mais vou me esquecer desse dia.
De repente, escutei alguém chamando meu nome, olhei assustada e perguntei o que estava acontecendo.
Ela me explicou que depois que a Portela passou, eu me sentei na arquibancada e dormi, e foi aí que me vi na avenida realizando meu sonho de carnaval.
Desfilando pela minha escola querida com os pés no chão, sentindo o calor da avenida e escutando os gritos das pessoas vibrando e cantando conosco o samba enredo da Portela.
Não fiquei de todo triste, pois fui à Sapucaí e assisti o desfile da Portela.
Quando o desfile terminou, retornamos para casa felizes da vida.
Quem sabe isso um dia isso não acontece!
Angela Moreira.
