É Ela!
É Ela
É ela que grita
É ela que chora
É ela que implora
Quando é colocada de fora
Discriminada
Embora já estejamos em 2021!
É ela que luta
que sai pra labuta
que prova pro mundo
Quando ele é injusto!
É ela que se pinta
que se mostra
que é leoa
que gera, cria e abençoa
Quando tem outra pessoa que é parte de si.
É ela,
Feminina em suas curvas
Forte em seu coração
Delicada em seus traços
Com aflorada emoção.
Na medida certa Deus fez
A mulher completa!
(Michelle Carvalho)
Pensei em iniciar esse texto como uma homenagem a todas as mulheres, afinal, o histórico feminino merece homenagens sempre, mas pensei melhor e vislumbrei que não se trata de homenagear.
Vejo a figura da homenagem como algo esparso e que se demonstra como uma alegoria que vem de quando em vez lembrar e regozijar uma comemoração ou um fato.
Falar da mulher vai além disso!
Não basta problematizar suas lutas enfatizando as barreiras enfrentadas diariamente e no decorrer das décadas, não basta enaltecer suas vitórias, nem aplaudir suas conquistas na vida, no dia a dia nem na sociedade.
Quero falar da mulher no mercado de trabalho porque na verdade isso acaba por envolver todos os âmbitos da vida da mulher, não é mesmo?
Afinal, essa conquista por um lugar de labor além do âmbito doméstico faz com a que a didática doméstica esteja em ordem antes de chegar às paredes do outro “local de trabalho”.
A mulher se compõe de jornadas que não se diferenciam das jornadas masculinas – na teoria – mas na prática, a luta externa e interna continua sendo enorme para equilibrar esses âmbitos.
Sim, a mulher trabalha fora de casa, mas antes disso tem que deixar a casa em ordem, acordar mais cedo, lavar a louça, tirar a roupa do varal, colocar mais uma pilha de roupas na máquina (lavar mais algumas na mão e colocar outras de molho), lembrar-se de colocar pra descongelar algo para o jantar, fazer o café, acordar a criança para levar à escola, tomar banho, pensar na roupa que vai usar, maquiar-se, arrumar o cabelo, arrumar na sua bolsa todas as possibilidades de coisas que pode precisar na rua, e caso queira manter uma dieta saudável tem que preparar uma marmita para suas necessidades alimentícias. Ufa! Tudo isso só para começar o dia!
Vemos que grande parte dessas tarefas pode ser realizada por qualquer pessoa independente do sexo, porém nem sempre é a realidade!
Após este iniciar corriqueiro do dia, a mulher ainda precisa sempre “provar” em seu ambiente de trabalho que é capaz de ocupar tal cargo e que deve manter-se naquele patamar sem que seja dado seu lugar a um homem que não se atrasará por estar com cólicas menstruais, porque o filho teve problemas na escola ou porque terá de se afastar durante a licença maternidade.
Tudo isso com plena eficiência, foco, maquiagem impecável, cabelo cuidado, roupa intacta, unhas feitas, saltos altos – várias coisas que o homem não é cobrado pela sociedade.
No retorno pra casa, após várias horas extras para terminar emergências laborativas de última hora, imediatamente inicia o jantar, tenta educar o filho que não deseja realizar as tarefas escolares e já bagunçou a casa inteira que ela arrumou de manhã, coloca no varal as roupas que ficaram lavando-se na máquina durante o dia e enxagua as que tinha deixado de molho nas bacias que circundam o tanque e, infelizmente, este foi mais um dia em que a mulher não pôde olhar para si e fazer exercício físico, ver um programa na tv, ler um livro ou algo que realmente desejasse para seu cotidiano individual.
No meio de tudo isso teve de ouvir falácias tais como: “não vejo motivo de você estar tão cansada”, “você precisa ir para a academia, está ficando flácida”, “se você não se cuidar seu marido vai arrumar outra na rua”, “aposto que conseguiu esse cargo porque está dormindo com o chefe”, “se engravidar perderá o cargo porque mulher grávida dá muita despesa pra empresa”, “você precisa arrumar tempo para fazer mais cursos, caso contrário não acompanhará as oportunidades que a empresa tem para você”. Essas e tantas outras frases são ditas maliciosamente, porém sempre com o discurso de “ajuda”, mas que na verdade magoam e entristecem uma pessoa que já vive em um turbilhão de afazeres do qual tenta dar conta e não consegue inserir mais nenhum.
Deixo claro que a rotina acima descrita é a de uma mulher que possui um emprego em uma grande empresa, com um bom cargo, que possui uma casa, água encanada, comida a ser escolhida, eletrodomésticos, meio de locomoção, marido, um ou dois filhos, ou seja, uma vida com um certo grau de conforto. Imaginem toda essa pressão em uma pessoa que precisa enfrentar transporte público, mãe solteira, tem de aceitar um emprego com constantes humilhações…
Com todos esses pormenores que acima foram narrados ainda perguntam: “Por que as mulheres se demitem?”
Seria porque não aguentam a pressão da sociedade? Por que são fracas?
A resposta é: “Porque elas são empreendedoras, polivalentes e não desejam estar sob a égide de meios preconceituosos que escravizam seus momentos, afastando-as de necessidades que gostam de vivenciar”
Por serem empreendedoras, as mulheres tem muitas ideias inovadoras que seriam revolucionárias em vários nichos do mercado a serem preenchidos com inspirações que trazem outro conceito de trabalho.
Junto com o empreendedorismo encaixa-se a flexibilidade de trabalho e as expectativas cada vez maiores do lugar da mulher no mercado de trabalho, no qual não desejam mais lutar as mesmas batalhas de décadas, mas sim lutarem suas próprias batalhas, estando bem consigo mesma, com seu tempo, com sua idade, com suas escolhas sobre a maternidade, a vida, seu corpo, desmistificando estereótipos.
Essa guinada cada vez mais faz com que as empresas percam grande capital intelectual, principalmente as empresas onde a hierarquia é dominada por homens e não identificam as mulheres com alto potencial e não lhe oferecem acesso igualitário.
Essa revolução feminina é diária e faz-se através das pequenas coisas sejam dentro de cada mulher acreditando em si, tomando iniciativas empreendedoras, sejam dentro dos homens que devem atuar equanimemente nas tarefas domésticas com iniciativa própria e da sociedade em si que deve identificar o potencial de seres humanos independente do sexo que possuam.
Michelle Carvalho
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