Erick BernardesNotícias

O surgimento de Araruama

Série: Histórias do Brasil (Conto V)

Essa história me foi narrada pelo senhor Elcir, colaborador de uma importante indústria farmacêutica da região de São Gonçalo. Recordo desse nobre homem explicando feliz e cheio do lirismo característico das pessoas nascidas sob a égide da simplicidade. E vamos à história:

Conta a lenda, que um chefe guerreiro de origem tupi apaixonou-se pela filha do português colonizador, lá para os lados da Região dos Lagos. Tal como acontece nos mais tradicionais contos sobre namoros mal realizados, o casal viveu afetos tão urgentes que pouco tempo teve para se conhecer direito. O jovem Araru era guerreiro, seu nome significava “arara de cara escura” de tão bronzeado, falante e admirador das coisas bonitas da vida. Gostava de ver o colibri sobrevoando as flores campestres na borda do lago, os papagaios coloridos matraqueando alegres, enfim, a natureza em seu lado mais terno.

Pixabay

Certo dia, ao aguardar aquela jovem amada no interior da floresta, Araru se deparou com o pai da moça nervoso e ameaçador. Pronto, o português descobrira o envolvimento da sua única filha com o índio mais novo da aldeia vizinha. E tudo acabou tão rápido como começou. O colonizador lusitano apontou a espingarda para o rosto do índio e o ameaçou:

— Suma daqui seu imbecil. Acaso eu encontrar você de novo em qualquer lugar, ponho uma bala na sua testa e ateio fogo em todos aqueles desgraçados da sua aldeia.

Bem, Araru nunca foi covarde, tampouco tinha por hábito fugir dos compromissos firmados. No entanto, a situação era cruel. Se insistisse em ficar, centenas de pessoas da sua tribo nativa morreriam ou seriam expulsas das proximidades da praia. Tristeza, uma pena mesmo! Seria um tipo de Romeu e Julieta? Claro que não, situações do coração apaixonado. Porém, o índio obedeceu, não poderia ser diferente. No entanto, sem antes lançar o olhar à amada e deixar frase que fez famosa a região:

— Araru sou eu, filho de Tupã. Araru vai, mas Araru ama.

Assim, caro leitor, fundou-se a freguesia de Araruama nas praias fluminenses (Araru + ama). E foi quando o amor se viu ao longe, navegando nas mansas águas e desaparecendo no horizonte ensolarado.

Mostrar mais

Erick Bernardes

A mesmice e a previsibilidade cotidiana estão na contramão do prazer de viver. Acredito que a rotina do homem moderno é a causadora do tédio. Por isso, sugiro que façamos algo novo sempre que pudermos: é bom surpreendermos alguém ou até presentearmos a nós mesmos com a atitude inesperada da leitura descompromissada. Importa (ao meu ver) sentirmos o gosto de “ser”; pormos uma pitadinha de sabor literário no tempero da nossa existência. Que tal uma poesia, um conto ou um romance? É esse o meu propósito, o saber por meio do sabor de que a literatura é capaz proporcionar. Como professor, escritor e palestrante tenho me dedicado a divulgar a cultura e a arte. Sou Mestre em Letras pela Faculdade de Formação de Professores da UERJ e componho para a Revista Entre Poetas e Poesias — e cujo objetivo é disseminar a arte pelo Brasil. Escrevo para o Jornal Daki: a notícia que interessa, sob a proposta de resgatar a memória da cidade sob a forma de crônicas literárias recheadas de aspectos poéticos. Além disso, tenho me dedicado com afinco a palestrar nas escolas e eventos culturais sobre o meu livro Panapaná: contos sombrios e o livro Cambada: crônicas de papa-goiabas, cujos textos buscam recontar o passado recente de forma quase fabular, valendo-me da ótica do entretenimento ficcional. Mergulhe no universo da leitura, leia as muitas histórias curiosas e divertidas escritas especialmente para você. Para quem queira entrar em contato comigo: ergalharti@hotmail.com e site: https://escritorerick.weebly.com/ ou meu celular\whatsapp: 98571-9114.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo