Hoje compartilho com vocês dois poemas: o primeiro expressa uma pequena reflexão sobre este ano e o segundo complementa a temática proposta. Espero que gostem!
2020: “eu não consigo respirar”
Eu não consigo respirar
o ar pesado do preconceito,
que segrega o homem,
que mata o negro
e rouba-lhe o direito
de viver como igual.
Eu não consigo respirar
o ar de desespero da falta de assistência
dos que estão entregues a própria sorte,
na pandemia, na iminência de morte,
ou em qualquer outro contexto
de desigualdade social.
Eu não consigo respirar
da fumaça a fuligem
vinda da destruição das matas
que são apagadas do mapa
de modo inconsequente
para a ambição humana alimentar.
Eu não consigo respirar!
Por Cleia Nascimento
Fome
A fome do povo,
não é apenas literal.
Pois não só de pão
vive o homem.
É fome de ser visto,
como humano,
como igual.
Quem tem fome
grita por socorro social,
a alma pena na solidão
de sempre ser deixado à parte,
pela moderna civilização
que quer comida,
diversão e arte.
Por Cleia Nascimento