Elias Antunes

PHILIP ROTH E A ILUSÃO DA ESCRITA

PHILIP ROTH E A ILUSÃO DA ESCRITA

 

Por Elias Antunes

 

Philip Roth, escritor estadunidense dos mais badalados do nosso tempo, escreveu alguns romances emblemáticos, foi um dos principais autores indicados ao Nobel de Literatura, mas sem receber o famigerado galardão.

Como se trata de escritor muito conhecido do grande público e, principalmente, dos leitores mais sofisticados, Roth dedicou sua existência à criação literária.

Causou polêmica no mundo judaico (Roth era judeu), com o romance “Complexo de Portnoi”. Foi acusado de realizar uma literatura carregada de sexualidade, desvios.

Há um livro seu, porém, menos enfatizado pela crítica que demonstra um talento enorme do autor: “Diário de uma ilusão”. Neste livro aparentemente simples, Roth empurra o leitor a percorrer os mesmos percalços de um jovem escritor buscando seu lugar na literatura, indo atrás de seu ídolo, um escritor mais velho, famoso, mas nem tanto, com uma obra madura e reconhecida pelos críticos.

Uma chama de ilusão, com lances de misturam e dialogam com o Diário de Anne Frank, perpassa pelas páginas.

O talento de Roth é inegável.

Há um verdadeiro balanço sobre a carreira do escritor, ora pendendo para ser lido e apreciado pelo grande público, ora querendo produzir literatura de alto nível, sem se preocupar com as vendas de seus livros.

Novamente Roth lança mão do seu personagem considerado seu alter ego Nathan Zukerman.

Em um daqueles invernos, cheio de neve, Nathan encontra o seu ídolo. Claro que sempre existe aquela sensação de estranheza quando se está frente a frente a alguém idealizado, pois todo homem tem suas fraquezas e enfados, por mais profunda e importante que seja sua criação.

Há um jogo entre a ilusão (colocada no título), com as desilusões da vida.

Acredito que a existência humana seja isso: percorrer nossos caminhos no mundo, às vezes procurando as pegadas daqueles a quem colocamos como paradigmas, mas sempre correndo o risco de cair no labirinto das ilusões.

Não por acaso, Philip Roth está entre os escritores mais aclamados de nossa época.

 

Fonte da imagem: Foto do autor.

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Elias Antunes

Filho de um dos trabalhadores pioneiros que construíram Brasília, Elias Antunes nasceu em Goiânia, em 1964. Trabalhou como servente de pedreiro, vendedor ambulante, contínuo. Depois, entrou na Secretaria de Segurança de Goiás, por concurso. Bacharel em Direito, UCG, Mestrado (incompleto) em Teoria Literária, UnB. Em 1993, por concurso, entrou no Tribunal de Justiça do DF, passando a morar no Distrito Federal. Concomitantemente, foi professor do ensino médio e universitário de História da Filosofia, de Redação, de Direito e Legislação e de Teoria Literária. Seu livro de poemas “Chamados da Chuva e da Memória” ganhou o prêmio da Funarte de Criação Literária e o prêmio “il convívio”, na Itália (1º lugar). Seu romance “Suposta biografia do poeta da morte”, ganhou os prêmios: Hugo de Carvalho Ramos, 2008 (1º lugar), Prêmio Jabuti, 2011 (finalista), prêmio “il convívio”, na Itália (1º lugar). Tem 20 livros publicados e ganhou mais de 300 (trezentos) prêmios. Participa de mais de 100 antologias e obras coletivas no Brasil e no exterior. Cocriador das revistas O artesão, Rotina, Flor & sol e Linhas & Letras e dos jornais Tempoesia, Jornal de Poesia e Artefatos. Tem poemas traduzidos para os idiomas: espanhol, francês, inglês, esperanto, galego, romeno, italiano, catalão, alemão, sueco, russo e hindi. Com publicações nos países: Rússia, Itália, Argentina, Portugal, França, Estados Unidos, Espanha, Romênia, México, Suécia, Vietnã, Índia e Venezuela.

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