Michelle Carvalho
Tendência

Perdão

 

Tentando passar

Por cima do caos que nossa vida se transformou

Vejo escombros

Destroços, estilhaços

Pilares destruídos

Ao fundo encontro

Um vestígio de felicidade

De amor que ali se refugiou…

Uma imagem

Lembrança da união de almas

Linda lembrança

Em meio a tantos cascalhos

Dor e gritos silentes e ecoantes

Em meio a tanto desespero

Almas vagantes e dispersas

Dantes juntas

Agora avessas, inversas

Submersas em mágoa e rancor

Perdão?

Esta é a questão

Um dia a guerra cessará?

Os escombros serão de novo um lar?

Perdão,

Clama o lar de amor e felicidade de outrora

Clama para que as almas

Padeçam de mal e da mágoa que as envolve

E perdoem-se

Dedicando-se aos laços de amor que Deus os concedeu.

(Furor Letárgico da Alma 2009 – Michelle Carvalho)

 

Toda palavra tem um grande significado quando não dita em vão, quando damos o real sentido a cada vez que proferida.

Mas algumas delas têm força maior que as outras, e dentre estas está o perdão.

Tanto quando dado ou pedido, a palavra perdão tem o dom de retirar um enorme peso e conceder leveza a um coração, por isso não pode ser proferido em vão ou ao léo, mas sim, com verdade e pureza.

O que resolvemos ou dizemos no calor da emoção, nos trazem consequências avassaladoras, isso é fato!

Toda ação possui uma reação, não só na lei da física, mas também na lei da vida. Em momentos de raiva, dor e euforia tomamos atitudes cujas reações futuras vem em onda voraz, de forma que muitas vezes não esperamos.

Certa vez ouvi um ditado que dizia: “não devemos resolver nada de cabeça quente porque as palavras proferidas são como dardos que ferem e não voltam.”

Quantas vezes esbravejamos, falamos palavras duras, e de imediato sentimos o corpo gelar, como um sinal de que as palavras foram além da sua própria vontade?

Deus foi muito perfeito ao fazer o ser humano. O fez com dois olhos, dois ouvidos e apenas uma boca para que possamos avaliar e escutar muito mais do que falar, concorda?

No que tange ao perdão e seu grande poder sobre a alma de cada um, cabe-nos pensar nos desdobramentos do ato de perdoar sinceramente:

Quando pedimos perdão devemos estar inteiramente arrependidos de algo que fizemos, e ao recebê-lo tiramos um fardo de dentro de nós, que se vai junto com a angústia e o remorso.

Quando concedemos o perdão, a leveza toma conta de nosso coração, e não somos superiores a ninguém por isso.

Mas a grande questão que se sobressalta é se mesmo recebendo o perdão do outro, nós nos perdoamos pelo ato praticado, eis que de nada adianta termos sido perdoados pelo próximo se o martírio nos persegue onde quer que nós formos porque está dentro da gente, de onde não podemos fugir, deixando nosso coração maculado pela aflição e a tortura.

Quando criança me foi dita a seguinte frase: “somente tome a atitude quando puder arcar com as consequências”. E essas palavras ecoam na minha mente até hoje, a cada passo que vou dar. Levo isso pra minha vida! É o que sempre me faz pensar muito a cada ato.

Pensar antes de tomar uma atitude, de dizer uma palavra, nos faz distanciar do momento, da nossa reação irracional e da reação das pessoas, é como uma espécie de proteção, mas nunca uma fraqueza!…

No final, nos faz continuar ligados a quem nos magoou, porque se não pensarmos, acabamos agindo na proximidade do interior da emoção, afastando quem nos cerca com atitudes que nos fazem arrepender.

Mais vale a consciência tranquila e o coração em paz, do que respostas ávidas na ponta da língua, as quais incineram relações e jamais podem ser confundidas com personalidade, mas sim com falta de racionalidade!

Michelle Carvalho

 

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Imagem destacada: https://pixabay.com/pt/photos/eu-pe%c3%a7o-perd%c3%a3o-%c3%b3culos-rosa-3d-824194/

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Michelle Carvalho

Biografia: Advogada, Escritora desde os 13 anos, com participação em inúmeras antologias literárias e premiações no Rio de Janeiro e em São Paulo. Ganhadora do Premio Baixada de Literatura em 2014. Lançou 4 livros: “Furor Letárgico da Alma” (2009), “Versos de Princesa Prometida” (2015 – na 17ª Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro) e “Cindy Entre Patas e Reinos” (2018) e Cindy Entre Patas e Reinos 2 (2019 – 19ª Bienal Internacional do do Livro do Rio de Janeiro) , estes dois últimos projetos de leitura na Cidade das Artes/RJ, em várias escolas nacionais e internacionais. Além de diversas participações em projetos culturais literários em escolas com palestras motivacionais, intervenções literárias e poéticas em saraus, sendo o último deles o Programão Carioca da Rede Globo no ano de 2018, Participação na FLIM e FLISGO no ano de 2019, bem como posse na ACLAM – Academia de Ciências, Letras e Artes de Magé.

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