FALA AÍ, JUVENTUDE!

Fala aí, Juventude! Série: “Júpiter e Suas Quatro Luas” (capítulo 3) – PROVA – Izabeli Araújo

Capítulo 3 Prova

Capítulo 3

Prova

Quando menos achamos que alguém pode fazer algum mal para a gente, alguém realmente faz algo mal para a gente. Minha mãe sempre me falou que devemos sempre ter pelo menos um pouco de desconfiança em todos, mas eu não sabia que esse “todos” contava com meus melhores amigos também.

Era final do nono ano, eu, Vívian, Alexy e Alicia estávamos bastante ansiosos para a mais nova escola que iríamos frequentar — já que estudamos a vida inteira na mesma escola, era algo novo para todos nós.

— Ei, gente, vocês já começaram estudar para a prova de admissão? — perguntei logo em seguida, me espreguiçando devido ao sono, a maioria do meu tempo, eu estava sonolenta por conta de ficar até tarde com meu telescópio e, ainda por cima, acordar mais cedo para cuidar do meu gado.

— Estudar? Eu não vou estudar, se eu realmente for inteligente, vou passar sem estudar. — Respondeu Alexy, enquanto dava leves batidinhas com seu dedo indicador em sua cabeça. — Isso que é ser inteligente. — Completou.

Imediatamente vi Vívian dando um tapa na cabeça dela, o que me fez rir, estranhei que Alicia ainda permanecia quieta, mesmo depois do tapa que Alexy havia recebido, realmente ela mudou bastante.

— Como assim, você não vai estudar? Como você vai saber a matéria, se não estudar, Alexy? — Vívian respirou fundo, antes de continuar a falar. — Isso que é ser burro mesmo. — Enquanto falava, ela mexia a cabeça de forma negativa.

— Eu já comecei a estudar para a prova há um tempo… Se quiser, posso passar a matéria para vocês. — Alicia finalmente falou algo, fazendo com que eu ficasse um tanto quanto surpresa.

— Sim, claro! Tem como me passar o nome das matérias até o final da aula? — Respondi a ela sem pensar duas vezes, logo, a mesma acenou de forma positiva com a cabeça, me fazendo soltar um leve sorriso.

— Certo, certo, agora eu a Estefane precisamos ir para a aula, na hora do intervalo nos vemos de novo. — Antes mesmo de eu falar algo, Vívian com sua mania, segurou minha mão e saiu me puxando feito maluca.

— Vejo vocês mais tarde! — Ouvi a voz de Alexy, mas não consegui nem responder por causa de Vívian, que estava me puxando.

As aulas fluíram normalmente, como sempre, dificilmente a escola faz alguma coisa diferente, então, praticamente todos os dias são sempre bem similares. Enfim, tinha chegado a hora do intervalo, como sempre, sentamos na mesma mesa, Alicia chegou um pouco atrasada, mas sentou-se ao meu lado, logo me entregando o papel.

— Se estudar todos estes conteúdos, você, com toda certeza, vai passar com uma nota exemplar — após a fala dela, eu agradeci pela ajuda que ela estava me dando e guardei o papel no bolso da minha calça jeans.

E assim, os dias se passaram loucamente, quando falam que a infância e a adolescência passa em um piscar de olhos, eu tenho que concordar, parece um pouco velho falar isso, mas parece que foi ontem que eu estava aprendendo a escrever, ou até mesmo, aprendendo a mexer pela primeira vez em um telescópio. É, realmente, o tempo passa muito rápido.

O dia da prova de admissão finalmente havia chegado, eu nunca estudei tanto, em toda minha vida, estava totalmente pronta para a prova. Vívian dormiu na minha casa um dia antes da prova, não revisamos nenhum conteúdo, porque a única coisa que precisávamos era relaxar, depois de dias dedicados aos livros.

— Você acha que vai dar tudo certo? — perguntei a Vívian que também estava um tanto quanto nervosa, porém, ela disfarçava muito bem.

— Claro que vai, o conteúdo estava difícil, mas vamos dar o nosso melhor!

Ela fez um joia com a sua mão direita, me fazendo soltar uma risada nasal.

Você achou o conteúdo difícil? Por mim o conteúdo tá ‘mole mole’ — Disse, enquanto terminava de pentear meu cabelo, logo, pegando a minha bolsa de ombro, na qual tinha o material necessário para realizar a prova.

Vamos?

Após chegarmos no local da prova, tentamos encontrar Alex e Alicia, mas provavelmente eles já foram para as respectivas salas, nas quais a prova seria aplicada, então, eu e Vívian iríamos para o local onde indicaria nossas salas. Acabou que ela ficou em uma sala diferente da minha.

Quando cheguei à sala que foi indicada a mim, vi Alicia, logo dando um aceno para a mesma, que não correspondeu, pensei que ela apenas não viu, e sentei-me em uma das carteiras que estava vaga. Esperei cerca de 10 minutos, para finalmente a prova ser aplicada, talvez eu realmente estivesse muito nervosa, mas ainda estava confiante em mim mesma, até que…

Eu virei a folha…

Naquele momento eu congelei.

Já o primeiro assunto não tinha nada a ver com o que eu tinha estudado.

Eu virei a folha mais uma vez, e de novo, mais uma vez e outra vez, e não tinha nada, absolutamente nada que eu tinha estudado, nada que tinha no papel que Alicia me deu.

Mas era isso.

O papel que Alicia me deu.

Eu olhei rapidamente para ela, e assim, nossos olhares se cruzaram. Muitas coisas estavam passando na minha cabeça naquele momento, mas a principal coisa era: eu preciso dar o meu melhor, não importa o quê.

 

(Continua…)

 

 

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Erick Bernardes

A mesmice e a previsibilidade cotidiana estão na contramão do prazer de viver. Acredito que a rotina do homem moderno é a causadora do tédio. Por isso, sugiro que façamos algo novo sempre que pudermos: é bom surpreendermos alguém ou até presentearmos a nós mesmos com a atitude inesperada da leitura descompromissada. Importa (ao meu ver) sentirmos o gosto de “ser”; pormos uma pitadinha de sabor literário no tempero da nossa existência. Que tal uma poesia, um conto ou um romance? É esse o meu propósito, o saber por meio do sabor de que a literatura é capaz proporcionar. Como professor, escritor e palestrante tenho me dedicado a divulgar a cultura e a arte. Sou Mestre em Letras pela Faculdade de Formação de Professores da UERJ e componho para a Revista Entre Poetas e Poesias — e cujo objetivo é disseminar a arte pelo Brasil. Escrevo para o Jornal Daki: a notícia que interessa, sob a proposta de resgatar a memória da cidade sob a forma de crônicas literárias recheadas de aspectos poéticos. Além disso, tenho me dedicado com afinco a palestrar nas escolas e eventos culturais sobre o meu livro Panapaná: contos sombrios e o livro Cambada: crônicas de papa-goiabas, cujos textos buscam recontar o passado recente de forma quase fabular, valendo-me da ótica do entretenimento ficcional. Mergulhe no universo da leitura, leia as muitas histórias curiosas e divertidas escritas especialmente para você. Para quem queira entrar em contato comigo: ergalharti@hotmail.com e site: https://escritorerick.weebly.com/ ou meu celular\whatsapp: 98571-9114.

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