Escrava de minha janela,
Escrava de meus ouvidos
Enaltecidos por qualquer som
Que me remeta a ti
Fujo, tento esconder-me
Criança com medo e lamuriosa
Adulta ferida e mórbida
Ouvidos surdos para tua voz
Voz silente…
Entusiasmo, loucura
Sofrimento e desesperança
Esperar sabendo o que acontecerá longe de mim…
Tentei, forcei súplicas inúteis.
Foges, humilhas, destroças, desdenha, não se importa
Aventurei-me, busquei
Outros não me despertam…
Só teu beijo despertará a bela
Gélida, pálida
Em seu leito
Face ainda ruborizada
Boca levemente quente
Jaz a tua espera
O calor do corpo se dissipa
Assim como as boas lembranças
Restando dores, angústias.
Imagens impactantes
Imaginação do momento real
E um corpo inerte perdendo as cores da alma…
(Furor Letárgico da Alma 2009 – Michelle Carvalho)
Vivemos cercados de tantas escravidões!
Encaixotados em metas que seguimos sem nos reconhecer em muitas delas. Metas de beleza, metas de magreza, metas de aparência, metas de trabalho, metas financeiras, metas, metas e metas…
Dificilmente escuto que alguém possui uma meta de pessoas a ajudar por semana, meta de conhecimento interno, meta de demonstrar seu amor e expandi-lo…
Vivemos escravos de moldes que não escolhemos e nos tornamos escravos das circunstancias que nos são apresentadas, onde se tudo não estiver perfeito não alcançamos a felicidade, não estamos bem.
Até mesmo a escravidão dos negros que já foram libertos há quase 300 anos, infelizmente ainda perpetua-se na mente de muitos na forma de racismo e discriminação.
Somos moldados a repetirmos o que a sociedade nos impõe, e não para pensarmos no que desejamos para nós mesmos. Assim seguimos por séculos! Não é a toa que nossos ancestrais passam as mesmas ideias para nossos avós, nossos pais e assim será sucessivamente até que descubramos o que desejamos para nossa vida.
Somos adaptados a “engessar emoções”, segurar o choro para não parecermos fracos, destruindo a infância e construindo gerações que se encontram depressivas, mal humoradas, viciados em seu próprio ego e ansiosos pelo sucesso que o dinheiro pode comprar eis que cada vez mais esperto se torna cada membro desta sociedade em que vivemos.
Mas ninguém é ensinado que o segredo do sucesso é conquistar o que o dinheiro não pode comprar.
Não somos ensinados a confrontar nossa própria alma transformada em algo ganancioso e egocêntrico.
Hoje nos gabamos por viver mais que nossos ancestrais que eram velhos aos 40 anos e nós estamos em plena vitalidade aos singelos e eufóricos 70 anos de idade.
Mas não vislumbramos que nossa psique morre sufocada antes mesmo dos 39 anos e como zumbis sem qualidade de vida emocional, escravizamos nossos corpos com os ideais que “traçamos” por excessos de preocupações, aulas, cobranças, compromissos, informações, pessimismos, ansiedade, idealizações, atividades, falta de alegrias e felicidade que realmente valham a pena, aquelas que não podem ser monetariamente adquiridas!
E assim vivemos como zumbis espertos enganando os outros nas redes sociais com sorrisos visíveis e sem realizações dos reais sonhos, ou mesmo vivendo esta enganação internamente por nem mesmo saber o que sonhar por estar vazio de si mesmo e não se reconhecer ou nunca tendo se conhecido verdadeiramente.
Em meio a esta loucura, quando repensamos toda nossa trajetória e iniciamos o processo de autoconhecimento, em meio a dor de se reconhecer perdido em tudo que foi construído a seu redor, congelamos em uma cápsula de medo de seguir em frente por nem mesmo saber aonde ir e por onde começar.
O trajeto é árduo, mas “não devemos ter medo do caminho e sim ter medo de não caminhar”.
Podemos demorar a chegar a alguma conclusão, mas que estes capítulos sejam escritos por cada um de nós com amadurecimento, sem preconceitos, sem amarras ao que já foi superado por tantas eras!
O primeiro passo é um grande ato que pode influenciar uma vida inteira!
Michelle Carvalho
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