Uncategorized

Fala aí, Juventude! – Crônica: “A caça ao R” – Caio Lima

— Fala aí, juventude! “Coluna destinada à publicação de textos de jovens escritores (até 18 anos). Então, se você é jovem e quiser ter seus textos publicados aqui no portal, basta enviar para: [email protected] (por favor colocar as devidas identificações).”

A caça ao “R”

Caio Lima 

Quem diria que em plena infância, eu participaria de uma guerra! Sim, um combate, uma batalha contra um temido roedor, conhecido por sua agilidade, sagacidade e discrição: um rato!

A casa de minha avó e do meu avô, foi o local onde houve esse acontecimento. Local este que mais marcou a época em que eu ainda tinha tempo de brincar, inventar histórias, rir e ainda assim… me sobrava tempo. Quem ousaria esquecer de tempos assim? Quem ousaria deixar se perder no tempo, o sabor único das guloseimas que só sua avó saberia fazer? Ou das histórias e travessuras que seu avô lhe contava? Ah, sim! Ótimos tempos em que eu acordava cedo e já ia imediatamente para lá (uma longa caminhada de cinco passos, da minha residência em direção a de minha avó), onde passava quase o dia inteiro. Mesmo com aulas, as tardes eram só minhas para ficar naquele local, cujo a paisagem não me foge a mente. Lembro-me do fusca de meu avô na entrada, seguido da varanda e de um jardim de flores na frente. Já nos fundos, haviam as árvores frutíferas e de maior porte, como a goiabeira e o coqueiro…. e foi ali, próximo ao muro, do lado leste do terreno, que certo dia, um indivíduo resolveu se aventurar.

A forma como tratamos essa descoberta foi a mais cômica possível, pois literalmente traçamos um plano, uma estratégia para neutralizar a ameaça. Começando com a tocaia que tinha horário bem distribuído, pois minha avó dormia cedo e acordava cedo (cerca de quatro horas da manhã). Então, ela era responsável por cuidar do quintal e observar a possível presença de algo em pleno raiar do sol. Meu avô dormia mais tarde, logo a noite era seu turno, mas isso quando ele não dormia no sofá, com seu palito de dente na boca e a televisão ligada. O resto dos horários era por minha conta, além da busca por rastros e pistas, devido minha melhor visão. 

Ah, claro! Você, caro leitor, deve estar se perguntando o porquê do nome “R”, não é? Bom, isto nada mais é do que um apelido que foi dado ao animal, para que seu nome real(rato) não fosse pronunciado várias vezes. Afinal, isto seria mal visto pelos vizinhos, sendo que o real motivo do aparecimento da criatura, se deve aos dejetos lançados no bueiro logo a frente da casa de meus avós, pois a sua casa sempre estava muito limpa e arrumada, na verdade até demais, pois limpar a casa, para minha avó, era como se fosse um hobby. 

Um certo dia após um bom almoço, eu estava comendo balas de hortelã (doce que eu mais adorava, junto com as balas de coco), quando observei um movimento astuto em cima do muro. E, adivinha? Era o “R”! Avisei ao meu avô e ele foi rapidamente pegar a espingarda de chumbinho, mas ao atirar inimigo, nada mais foi feito a não ser um leve susto do intruso, que fugiu rapidamente. Perdemos essa batalha. 

Foi aí, que meu avô resolveu criar uma armadilha feita à base de uma caixa de leite usada. Esta, levaria como isca um “veneno rosa” próprio para ratos, além de queijo com chumbinho. Pronto. Estaria perfeita a armadilha, ou será que não? 

Passado um tempo, o inimigo apareceu no turno da tarde, porém sua aparição e fuga foram velozes demais, de novo, dessa forma o roedor escapou, levando na barriga seu jantar, café da manhã e, quem sabe, um almoço (ele comeu os sete “venenos rosas” e as quatro fatias de queijo). Meu avô disse que pela quantidade, ele deveria ter morrido ali mesmo de indigestão, mas assim foi e assim ficou. A surpresa veio no dia seguinte. 

Ao acordar, olhei os arredores da escada de minha casa. E o que achei? Simples! A vitória! Lá, no local da armadilha, como se fosse um pêndulo, preso pela cauda, o danado havia falecido após retornar à cena do crime. 

Meu avô então me disse: vencemos a guerra! Eu comecei a rir, mas com um pouco de pena pela morte do bichinho, afinal ele não tinha culpa de nada, mas este poderia trazer doenças, como a leptospirose.

Esta história, um pouco diferente foi, literalmente, uma aventura para um garoto que nunca havia se  imaginado um “soldadinho” tão pequeno, ainda mais quando quando meu alvo era tão… perspicaz.

Mostrar mais

Redação

A Revista "Entre Poetas & Poesias" surgiu para divulgar a arte e a cultura em São Gonçalo e Região. Um projeto criado e coordenado pelo professor Renato Cardoso, que junto a 26 colunistas, irá proporcionar um espaço agradável de pura arte. Contatos WhatsApp: (21) 994736353 Facebook: facebook.com/revistaentrepoetasepoesias Email: [email protected]

Artigos relacionados

Verifique também

Fechar
Botão Voltar ao topo
Fechar
Fechar
%d blogueiros gostam disto: