Michelle Carvalho
Tendência

Dias

As ligeirezas da vida

Dias…

A semana se arrasta
Os dias são intermináveis
Eu angustiada conto os segundos para que chegue logo o fim de semana…

Quando chega a sexta´-feira
Fico extremamente feliz e ansiosa…
O sábado está próximo
O dia em que finalmente vou ver-lhe
Se eu pudesse… ficaria todo o final de semana grudada em ti
Faria destes dias eternos
Para que pudesse ficar séculos e séculos
Somente mergulhada e extasiada
Olhando fixamente a doçura de teu olhar

Eu poderia beber incontáveis garrafas de ti
E jamais ficaria embriagada
Pois tu já estás em meu sangue,
Batendo em meu coração
É o sentido que o impulsiona a continuar batendo.

Durante a semana
Quando longe de ti estou
Sinto um vazio imenso
A necessidade de ti é agravada com o passar das horas e dos dias
Com um único olhar teu
Meu coração bate acelerado
Normalizando minha estrutura…

Necessito de ti
Obrigada por seres tão maravilhoso
E por teres entrado na minha vida!!
(Livro Furor Letárgico da Alma – Michelle Carvalho)

As ligeirezas da vida consomem o que é bom.

Mergulhamos em um estado de inércia onde nosso corpo em movimento continua em movimento sem parar até perdermos pelo ar as delícias de estarmos vivos.

Não mais apreciamos os cheiros, os gostos…

Arrumamo-nos freneticamente pela manhã, passamos um perfume que sequer sentimos o odor, mas pensamos se ele está acabando e desejamos comprar mais…
Comemos a comida que não saboreamos, pois estamos correndo, com horário cronometrado, muitas vezes em frente a um computador trabalhando…
Temos mais de 400 canais na TV, mais de 1000 filmes e séries e pensamos: “Não há nada de bom para assistir”.

Sou da época em que apenas um canal sintonizava na televisão de tubo e tínhamos sorte quando não estava chovendo ou ventando porque desta forma não tínhamos nem aquele mísero canal para assistir.

Quantas vezes nos dividimos, enquanto um tomava conta da tela, o outro ia lá pra fora girar a antena fixada no telhado onde num simples giro distinguia o “quase não ver nada” do ver “algo sem cores, chiado com sombras e chuviscos”, e hoje, pensando bem, essa dinâmica era feliz… o menos era mais…

Não que as possibilidades e a tecnologia sejam ruins, mas o conjunto humano se dissipou, principalmente o conjunto familiar.

Estamos atravessando dias diferentes de tudo que já vivemos e que jamais imaginaríamos viver, até mesmo em pesadelos talvez não tivéssemos a dantesca metáfora aproximada do que nos consome nestes últimos dias.

Traçando o parâmetro entre o que vivemos em nossa infância, o que vivíamos até vinte dias atrás e o que estamos vivendo hoje visualizamos que talvez tenhamos de repensar o que está nesse meio.

Nos últimos anos temos tantas distrações e acabamos nos tornando aéreos porque queremos tudo, tornando-se cada vez mais difícil fazermos escolhas.

Tornamo-nos crianças dentro de uma fantástica fábrica de doces sem um adulto para nos apresentar regras e possibilidades.

Nem o céu é o limite com tantas alternativas, por isso muitas vezes queremos tudo e estafamos o cérebro e, por consequência cansando o corpo, que fica exausto até mesmo com o simples ato de pegar um copo de água.

Onde andam os limites, regras, ética, se até mesmo as leis são burladas para fazer do errado o certo?

Em que iremos nos agarrar? Parecemos sufocados em tantas tarefas, informações, possibilidades que não conseguimos vive-las, senti-las devido ao pensamento acelerado que nos enjaulam os sentidos, bloqueando-os.

Sentimo-nos anestesiados devido à multiplicidade de opções e acabamos não optando em especial ao que realmente importa, às vezes por nem sabermos mais o que importa.

Qual o parâmetro pra você?

O que você vinha fazendo dos seus dias? O que vai fazer daqui pra frente?
Que este tempo de desaceleração sirva de aprendizado!

Michelle Carvalho

e-mail: michellecarvalhoadvogada@yahoo.com.br
Instagram: @michelle_carvalho_escritora
Facebook: Michelle Carvalho Escritora

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Michelle Carvalho

Biografia: Advogada, Escritora desde os 13 anos, com participação em inúmeras antologias literárias e premiações no Rio de Janeiro e em São Paulo. Ganhadora do Premio Baixada de Literatura em 2014. Lançou 4 livros: “Furor Letárgico da Alma” (2009), “Versos de Princesa Prometida” (2015 – na 17ª Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro) e “Cindy Entre Patas e Reinos” (2018) e Cindy Entre Patas e Reinos 2 (2019 – 19ª Bienal Internacional do do Livro do Rio de Janeiro) , estes dois últimos projetos de leitura na Cidade das Artes/RJ, em várias escolas nacionais e internacionais. Além de diversas participações em projetos culturais literários em escolas com palestras motivacionais, intervenções literárias e poéticas em saraus, sendo o último deles o Programão Carioca da Rede Globo no ano de 2018, Participação na FLIM e FLISGO no ano de 2019, bem como posse na ACLAM – Academia de Ciências, Letras e Artes de Magé.

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