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O poema e a cura
Tanise R. Sutil
De poeta e louco todo mundo tem um pouco. Eu dos dois tenho muito. O primeiro eu sou por obra divina, porque fui feito assim; o outro eu sou por diagnóstico humano daquele que lê as entrelinhas dos traços interiores da minha cabeça.
Eu comecei a escrever poesia para lidar com a realidade, e por fim, a minha vida real se tornou o próprio caos. Entre um delírio e outro foi-me diagnosticado o tal do distúrbio mental. Enquanto as palavras se formavam na minha mente e as vozes recitavam os versos em meus ouvidos, minha escrita surgia como a fúria das ondas sob efeito do maremoto, sem pensar fiz meus cantos e meus sonetos desvairados, falando do mundo como eu o via. A minha sede de liberdade gritada aos quatro ventos, o meu pensamento organizado em rimas era a minha birutice escondida no verso.
Preciso do meu remédio agora. O da loucura. Logo mais devo tomá-lo, embora eu saiba que a minha demência é irremediável. Eu sou poeta, e o poema é a minha cura.
Sobre a autora:
Nasceu e cresceu em terras paranaenses, hoje mora o interior do estado de São Paulo. Graduada em Letras, amante da literatura, da poesia e de tudo que se considera arte. Estreou na poesia em 2020 com o livreto “Até a alma ficar nua”, publicação do selo Olaria Cartonera de Ponta Grossa-PR. Participou da Antologia Poética Poesia Livre 2020 – concursos Novos Poetas da editora Vivara.
